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Zeneida Mendes de Lima

1936 - 2020

Forte e dedicada, era amante das flores e plantas. Mulher de fé, sempre aceitou as vontades de Deus.

Adorava flores, em especial rosas, camélias e jasmins. Talvez porque a beleza e a força das flores, lembrasse o seu próprio encanto e resiliência.

Foi casada durante anos com Manoel, um mestre de obras de coração gigantesco. Responsável, sabia da importância de um pai presente na vida dos filhos. Construíram um casamento forte e duradouro, souberam enfrentar os desafios da vida dando sempre uma pausa para descansar, mas nunca parar ou desistir. Juntos, os dois fizeram de tudo pelos filhos, para que crescessem cercados de saúde e educação, porque amor e carinho sempre tiveram de sobra.

Mãe dedicada e amorosa, cuidou com muito amor dos oito filhos que teve, com uma atenção e um carinho especial por Henrique, que nasceu com uma deficiência intelectual. Isso colocou algumas privações na vida de Zeneida, mas ela passaria por tudo outra vez e abriria mão de várias coisas novamente para poder ter pertinho de si o filho que tanto amou, cuidando dele com o afeto e o carinho que só o amor de mãe tem. Depois, ainda se tornou avó e bisavó e fazendo uma mágica que só pessoas assim sabem fazer, Zeneida multiplicou o amor que já era grande, e fez dele infinito.

Calma e forte, Zeneida sempre tinha algum conselho sábio para quem precisasse. Enfrentou muitas dificuldades pelo caminho, mas sabia que a recompensa sempre vem para os que não desistem. Enérgica, não gostava de ficar parada. Estava o tempo todo procurando alguma atividade para ocupar a cabeça. Mesmo sendo diabética, sempre beliscava um docinho aqui outro ali, e adorava bolos recheados como os de aniversário.

Adorava se reunir com a família no natal. Passava horas faxinando a casa ao lado das filhas, esperando ansiosa pelos pratos de almoço e sobremesa que cada familiar levaria. Mais tarde, juntavam-se todos para comer, se divertir e festejar ao lado dos que amavam. Para Zeneida, eram pequenas alegrias como essas que importavam.

Jardineira de mão cheia, cultivava em casa rosas de todos os tipos, camélias e jasmins que ela tanto amava, damas da noite e violetas que enchiam os olhos das pessoas que podiam apreciar as lindas flores que ela cuidava com tanto amor. Amante de plantas, tinha também, nos fundos de casa, pés de laranja, limão, pêssego e, até mesmo, cana de açúcar. Ficava horas admirando a beleza das flores e plantas e sabia que quando a gente cuida da natureza, ela encontra uma forma de cuidar da gente também.

Evangélica, sempre frequentou a Igreja Assembléia de Deus e adorava escutar hinos. Era temente a Deus, gostava de ler a Bíblia e aprender sobre a história do homem que, assim como ela, acreditava que só o amor pode mudar o mundo.

Cativante como uma boa libriana, conquistou os vizinhos e intensificou as amizades mais distantes, sempre preocupada com os amigos, alegrava-se com suas conquistas, pois sabia que, de alguma forma, as conquistas de quem a gente ama, são nossas também.

Zeneida deixa saudade em todos que tiveram a oportunidade de dividir a caminhada com ela. Amigos e familiares sentem sua ausência todos os dias, e as rosas do jardim parecem um pouco mais murchas depois que ela se foi. Do outro lado, ela segue intercedendo pelos seus junto de quem pode. Os dias ensolarados e alegres com certeza têm o dedinho de Zeneida, que deve estar cantando um hino que gosta e sem peso na consciência, comendo bolo de aniversário à vontade.

Zeneida nasceu em Canguçu (RS) e faleceu em Porto Alegre (RS), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Zeneida, Daniele de Lima Matos. Este tributo foi apurado por Hélida Matta , editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Renata Nascimento Montanari e moderado por Rayane Urani em 26 de março de 2021.