1928 - 2020
Trabalho era o que o movia nesta vida e a família um sonho conquistado.
”Seu sonho era viver até os 100 anos, tinha muito medo da morte”, conta sua neta Janayna. Ele tinha seus problemas de saúde, mas era forte e sempre vencia as doenças. “Ressurgiu como uma fênix”, diz ela sobre quando ele se recuperou de uma pneumonia no início de 2020.
O trabalho era tudo para Aparecido. Trabalhou desde os 11 anos e conseguiu, ao longo da vida, construir uma empresa. Construiu também uma família. Foi casado por mais de sessenta e cinco anos e teve três filhos e três netas. Sua mulher e o filho mais velho dão continuidade ao seu trabalho na empresa.
Aparecido tinha Alzheimer, volta e meia, se esquecia das coisas, mas não esquecia do amor que nutria pela neta. "Ele dava em cima de mim", diz Janayna. Ela dizia que era casada, mas ele insistia dizendo que não ia dar problema. “Ríamos muito e eu sempre falava: Cidão, toma vergonha, sou sua neta”.
Janayna lembra também que riam muito com seu avô, pois ele tinha “boca suja”. É que falar palavrões era o seu jeito de se expressar, de colocar para fora seus sentimentos. Boas risadas também davam quando ele perguntava por suas dentaduras: "cadê minha chapa, roubaram minha chapa".
Seu coração era enorme e seu amor chegava até aos animais, que ele tratava como se fossem crianças.
“Todos os dias ia para a oficina onde trabalhava, mesmo já não exercendo sua função”, diz sua neta. Ainda saía sozinho e, no começo de 2020, havia ido fazer compras na Rua 25 de Março. Adorava viver!
Fica um vazio no coração de sua família e muita saudade, ficam também muitas lembranças boas e marcantes de sua vida longa e cheia de conquistas.
Aparecido nasceu em Ribeirão Preto (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 92 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Aparecido, Janayna de Freitas Bittonti. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Míriam Ramalho, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 6 de novembro de 2020.