Luiz Benedito de Lima

1944 - 2020

Compensava a alta exigência do trabalho como Caldeireiro com a tranquilidade da pescaria esportiva.

Este sorocabano conhecido como Capivara ou Capiva herdou o apelido do pai. Entretanto, na verdade, os filhos diziam que ele era um Tigre, porque lutou bravamente durante os dois anos de tratamento de um carcinoma. Com apoio dos filhos e da esposa, esse Tigre não se entregava.

Luiz Benedito teve uma infância pobre. Em meio as adversidades cresceu saudável, trabalhou honestamente, casou e viveu cinquenta anos felizes com Maria Aparecida. Juntos, criaram com amor e dignidade os cinco filhos: Eliane, Ubiratan, as gêmeas Joelma e Joice e a caçula Caroline, que se multiplicaram em seis netos.

Capiva estudou apenas até o 4º ano do Ensino Fundamental, mas sabia da importância dos estudos e, por isso, seu maior orgulho foi ver os filhos formados com Ensino Superior completo.

Nos finais de semana, a família gostava de se reunir na casa em que ele construiu com a ajuda de vários amigos: “É um ambiente simples, contudo cheio de amor”, sente e relata a filha. “Nos fundos da casa, tem um quintal grande, todo gramado, um salão com churrasqueira e mesa de bilhar. Era onde gostava de estar com os filhos, fazendo churrasco, bebendo uma cervejinha e jogando bilhar. A lousa de pontos do bilhar, tem a escrita com a letra dele: ‘Capiva’”.

Sempre houve uma relação de confiança, união e cuidado na família: “Cada um segurava e ajudava aquele que estava com mais dificuldade. Somos assim”.

Ao longo da vida, Capivara trabalhou como Caldeireiro, uma atividade árdua, pesada e até insalubre. Aposentado depois de anos de dedicação, ao menos três vezes na semana fazia pesca esportiva, o que perdurou por vários e vários anos e lhe rendeu muitos amigos que conheceu no pesqueiro onde frequentava.

Todavia a grande paixão dele era mesmo cuidar das três cachorras: Teca, Nina e Chirra. Lembra que: “Durante o período em que esteve internado, em determinado dia, às 04h da manhã, levantou-se do leito, tirou todo equipamento que o controlava e lhe dava assistência respiratória. Falou que precisava ir embora, pois estava com saudades de suas cachorras”.

Luiz Benedito não conseguiu se despedir das filhas de quatro patas, porém partiu envolvido em muito amor através das mãos calorosas das filhas gêmeas. Em oração, elas declararam mais uma vez o afeto ao pai, se comprometeram a cuidar da mãe, sua última recomendação e, com gratidão, entregaram sua vida ao Deus Pai.

Os filhos que aprenderam a lutar até o fim com esse Tigre agora registram nessa homenagem o infinito amor à ele. Seguem cultivando sua memória em cada partida de bilhar, em cada latido das cachorras, em cada cuidado com a mãe.