1950 - 2020
Altruísta e amoroso, foi um pai não apenas para os filhos, mas para todos a quem acolhia.
Raimundo teve dez filhos: Valdizia, Valdeizia, Valdemizia e Valdemir do primeiro casamento e Maria, Vanisia, Vânia, Luiz, Leandro e Emanuel do segundo matrimônio. Mas, além dos dez, Raimundo teve muitos outros filhos pela vida, as pessoas que ele sempre fez questão de acolher.
Os nove irmãos foram seus filhos também. Todos os cunhados, em algum momento, moraram com ele; sobrinhos, afilhados, netos e muitas outras pessoas também viram nele uma figura paterna. Foi um excelente filho, nunca deixou de cuidar da mãe até sua passagem. Da mesma forma, foi um excelente genro, sempre falava que não teve sogras, teve mães. Com os sogros, sempre teve o respeito como de um filho.
Dono de um coração gigante, acolheu tantas pessoas com quem não tinha nenhum parentesco. "Quantas vezes meu pai chegou em casa com alguém que acabara de conhecer e deu não só comida, mas moradia, inclusive? E não era por um dia, às vezes passavam anos morando conosco, sem nenhuma diferenciação, comíamos juntos à mesa", contou Vanisia, filha de Raimundo.
Foi um homem à frente, que sempre incentivou os filhos aos estudos e nunca teve preconceito de nenhum tipo. Quem via aquela cara de durão, talvez uma defesa que a vida lhe deu, depois de dois minutos encontrava nele a pessoa mais brincalhona e amorosa que já conhecera. Era um avô coruja. Fazia questão demonstrar seu amor, especialmente pela esposa Antônia. Dava flores e mimava, como fez no último Dia dos Namorados.
"'O período entre o nascimento e a morte é o que chamamos de vida': meu pai sempre dizia essa frase. Ele queria dizer que estamos aqui de passagem e que, um dia, todos vamos para um plano superior. O que deixamos é o nosso legado, e o maior legado deixado por ele foi, sem dúvida, o amor à família. Meu pai era a pessoa mais altruísta que já conheci, ele se doava a todos. Estava com um novo amor, meu filho, que ainda estava a caminho quando ele partiu. Com a pressa que lhe era peculiar, já queria comprar um monte de presentes, mas agora sabemos o porquê de tanta afobação. Meu pai, o maior presente o senhor já deu, não só ao meu filho, mas a todos que tiveram a honra de lhe conhecer. O amor ao próximo, o amor à família, a naturalidade ao demonstrar seu amor sem timidez... Saiba que tentaremos perpetuar esse seu legado. Te amo e te amarei eternamente", disse Vanisia.
Raimundo nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Boa Vista (RR), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Raimundo, Vanisia de Sousa Santos. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Raiane Cardoso, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de janeiro de 2021.