1928 - 2020
Um português que se comovia ao relembrar passagens de sua terra de além-mar.
Esta é uma carta aberta, cheia de saudades, da neta Maithê ao seu querido "velhinho":
Era um homem de coração muito bom. Para algumas pessoas, poderia até parecer uma pessoa bastante fechada, mas, no fundo, era só o jeitinho dele mesmo. Foi um avô muito querido e cuidadoso com todas as netas.
Por falar em netas, ele nunca tentou disfarçar que era por nós o seu amor maior. Quando saíamos de casa, ele sempre fazia questão de recomendar - com seu lindo e característico sotaque português: "cuidado na rua!"
Mesmo aos 92 anos de idade, não era pessoa de tomar remédio, não. Ao contrário, exibia uma saúde invejável, que, segundo ele, era mantida graças à cervejinha que gostava de tomar todo dia. Esse era o seu segredo de longevidade.
Sua maior saudade era de "sua terrinha", Portugal. Já idoso, passou a dizer que sentia saudades imensas de seus pais. Sobre sua terra de origem, contava inúmeras histórias e emocionava-se com cada uma delas.
Vai fazer falta o meu velhinho.
Com amor, Maithê.
Abílio nasceu em Mairos (Portugal) e faleceu em Santos (SP), aos 92 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Abílio, Maithê de Sá Agosto. Este texto foi apurado e escrito por Ana Macarini, revisado por Débora Spanamberg Wink e moderado por Rayane Urani em 9 de julho de 2021.