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Abimael Cavalcante da Cunha

1954 - 2021

Apaixonado por carros antigos, conduzia um fusca branco que ficou conhecido na cidade.

Abimael era o marido de Elza, pai de Jordana e Edgard, nascido e criado em Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro. Era conhecido por todos na região como Mael, um homem gentil, habilidoso com as coisas e com as pessoas.

Vidraceiro era a sua profissão e era a criatividade com sua força que o movia. A filha se junta a um coro de pessoas que diziam que, com ele, nada ficava sem conserto. Seus clientes e amigos confirmam: Mael tinha prazer em resolver, queria atender as pessoas nos mínimos detalhes e sempre tinha uma solução para qualquer aperto.

Não era à toa que guardava muitas coisas, logo acreditava que os objetos sempre teriam uma utilidade em algum momento. E muitas vezes tinham. "Ele adaptava, arrumava e criava peças. Quando algum objeto estragava, criava outro para poder resolver. Não era dessa geração que joga tudo fora, era o contrário.", conta sua filha, Jordana.

Atender às necessidades das pessoas era prioridade para Mael, que mesmo depois da aposentadoria, continuou trabalhando como autônomo, servindo a quem lhe procurava para resolver o que ninguém resolvia: "Refez duas janelas enormes - da sala e do quarto -, que eram muito duras para abrir, pois corriam no trilho por baixo. Para resolver, ele cortou um pedaço do vidro, colocou um alumínio e agora a janela corre por cima, deslizando", compartilhou um cliente amigo.

"Meu pai não tinha muito estudo. Nunca se adequou aos métodos tradicionais de ensino. Ele era de uma inteligência singular.", conta Jordana. E sua paixão mesmo era por carros antigos. Desde jovem, antes mesmo de se casar, Abimael conduzia um Fusca branco que virou sua marca registrada na Cidade, tamanho zelo e cuidado que tinha pelo carro. Era nesse Fusca que levava as crianças para a Igreja e oferecia carona depois que as cerimônias terminavam. Continuava trabalhando no carro para revitalizar o motor. Trocava as peças com suas próprias mãos, pois planejava subir a Serra de Cunha com o famoso Fusquinha.

Carinho e cuidado são palavras que vestem Mael. Ele reunia a família em casa e mostrava o ser humano que era nas pequenas coisas, nos atos de servir. Mais do que com palavras, demonstrava amor com gestos e ações de um ser humano manso e apaziguador. Por onde passava, conquistava um pedacinho das pessoas. "Meu pai foi meu exemplo!", diz o filho Edgard.

Abimael nasceu em Volta Redonda (RJ) e faleceu em Volta Redonda (RJ), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Abimael, Jordana Cavalcante da Cunha Santos. Este tributo foi apurado por Juliana Padilha Jota Azevedo, editado por Juliana Padilha Jota Azevedo, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 26 de outubro de 2021.