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Adilson Carlos Ferreira

1966 - 2021

Ele se fazia de sério, mas amava uma boa brincadeira; até acampamento na sala ele fez, só para agradar os netos.

“Um homem bondoso, cheio de fé e que rezava bastante”, assim a filha Maria Eduarda descreve Adilson Carlos. Embora pudesse às vezes aparentar estar com a cara fechada, ele sempre fazia todos rirem: “O que o deixava feliz era estar na companhia da família e dos amigos, com aquele sentimento de descontração e união pairando o ar”.

Maria Eduarda conta que todos em sua casa sempre foram muito unidos e ressalta algumas das cenas do convívio com o pai que guarda na memória. “O jeito como ele costumava sentar no sofá, com a mãe deitada no seu colo pedindo cafuné... A Carla enchendo ele de abraços... A Ana vindo de noite no quarto deles, só para ganhar um chamego... A Mimi e a Mavi pulando no seu barrigão...”

A filha diz que a relação entre eles era de um amor bem-humorado, pois Adilson Carlos gostava de implicar com ela, até tirá-la do sério: “Só para depois vir me dar um abraço, com uma batidinha nas costas, o que me deixava fula. Mas, no final, terminava todo mundo rindo”.

Ele fazia de tudo para agradar os seus: “Meu pai movia mundos para proporcionar coisas boas para a gente. Não era de falar muito, mas demonstrava demais. Na maioria das vezes, fazendo a gente rir”, afirma Maria Eduarda.

Entre as lembranças divertidas, está a da maneira como Adilson Carlos costumava gritar o nome da filha: "Eduarrrrrda, vem tomar café!". Também são muitas as recordações de seu convívio com as netas: “Em 2020, quando já estávamos em quarentena, meu pai, para agradar as netas e brincar com elas, montou uma barraca na sala (que não é muito grande) e chamou todo mundo para entrar ali só por um instante, para nós fingirmos estar acampando”.

Além de se divertir ao lado dos seus, Adilson Carlos gostava de ver filmes de faroeste e de ação, de preferência comendo uma pipoquinha com calabresa. Maria Eduarda conta que o pai cozinhava muito bem: “Não tinha uma pessoa que reclamasse do que ele preparava, e meu pai sempre falava que tudo tinha sido feito com amor”.

A filha afirma que justamente o amor é o principal legado que nosso homenageado deixou em sua passagem pela vida: “O que narrei aqui sobre ele é só um resumo porque me faltam palavras para descrevê-lo. Talvez o mundo tenha sido pequeno para o tamanho da sua bondade e de seu coração”.

Adilson nasceu em Jaguapitã (PR) e faleceu em Florianópolis (SC), aos 55 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Adilson, Maria Eduarda Alves Ferreira. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Renata Meffe, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 22 de junho de 2021.