1977 - 2020
Ele buscava a filha caçula para lanchar e fazer planos, ela saindo da escola e ele das sessões de hemodiálise.
Filho de Maria de Nazaré de Souza e Pedro Anísio de Souza, Adilson gostava de dizer que a mãe foi uma guerreira. Ela sempre cuidou dos filhos e cultivou valores como o trabalho. Ele teve quatro irmãos. “A infância deles foi difícil e na adolescência meu pai foi vender picolés para ajudar o sustento da família”, conta a filha Débora.
Destaca que ele foi um adolescente inteligente e um aluno muito aplicado em todas as Disciplinas de Exatas, incluindo três períodos do Curso de Química na Universidade Federal de Rondônia, que trancou por necessidade de sustentar a família. Da mãe, ele sempre ouviu uma frase, que ficou marcada na vida dele e dos irmãos Arnaldo, Ana Cristina, Juciléia e Aline Juliete, passando-a para os netos: “É com o trabalho e o suor do seu rosto que você vai adquirir sucesso”.
Em uma noite chuvosa, a mãe de Débora, Maria do Socorro Almeida Dias, foi apresentada a Adilson pela amiga e futura cunhada, Juciléia. “Foi no encontro de jovens da igreja que ambos frequentavam que meus pais se conheceram” relembra. Naquele momento nasceu uma grande amizade que, após seis meses, virou casamento. “Papai costumava dizer que mamãe era a mulher de sua vida, quem ele iria amar para sempre”. Da união, nasceram duas filhas, Débora e Miriã. A família ainda se completaria com mais uma filha, fruto de um relacionamento anterior da esposa de Adilson, Tainária. “Ele não fazia diferença entre as filhas biológicas ou a filha de coração e assim meus pais viveram por 22 anos, tratando-nos da mesma forma, com muito amor, carinho e respeito”.
Foi um homem sonhador, que almejava as melhores coisas para a família, incluindo a Formação Superior para as três filhas. A mais velha, cursa Geografia; a do meio, Pedagogia. Aos 16 anos, Débora cursa o Ensino Médio. “Trabalhava muito, conseguiu exercer diferentes ofícios, como vendedor e eletricista”. Também tinha o sonho de comprar um carro para facilitar os passeios com a família. Já separado seguiu sendo muito amigo da ex-esposa e nos últimos dois anos de vida, lutou muito pela vida. Em função de um problema renal, fazia hemodiálise e sonhava com um transplante. Após as sessões, era comum buscar Débora, a caçula, na escola para lancharem e fazerem planos juntos. “Ele era meu amigo e meu parceiro”.
Orgulhosa do que o pai construiu, relembra as características dele: “desinibido, descontraído, extrovertido além de muito engraçado, adorava fazer brincadeiras conosco. Quando perguntada sobre o que ele gostava de fazer nas horas de folga, ela manifesta a emoção com a seguinte reflexão: “Nossa, é muito emocionante falar sobre isso”. O que ele mais gostava era de assistir vários filmes ou passear com as filhas e a família. Também de comer salgado ou tomar sorvete na pracinha, é tão bom lembrar disso!”, frisa para depois salientar o quão triste é a impossibilidade de repetir esses passeios. Nestas lembranças, sobressaem o amor e a alegria que o pai significava no núcleo familiar.
Depois que ele faleceu a nossa casa ficou muito vazia e as celebrações ainda são muito tímidas. “Podem se passar anos, sempre iremos nos recordar dele, nas melhores coisas que fizermos, mesmo não estando presente para ver, estará em nossas memórias e em nossos corações, nos incentivando”. Débora finaliza que ele considerava sua maior herança às filhas: o conhecimento literário e o desejo para que nunca desistam dos sonhos.
Adilson nasceu em Porto Velho (RO) e faleceu em Porto Velho (RO), aos 42 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Adilson, Débora Dias de Souza. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Patrícia Coelho, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 21 de janeiro de 2022.