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Adolfo Martins Esteves

1956 - 2020

Veio do pai a inspiração para se tornar marceneiro. Gostou tanto, que chegou a abrir uma fábrica de móveis.

Adolfo era o terceiro filho de uma família de dez irmãos. Aos 18 anos, num dia 07 de setembro, perdeu sua mãe, em razão de um problema cardíaco. Foi um jovem bonito e desbravador, parecia nunca sentir medo.

De origem simples, começou a trabalhar quando tinha em torno de 12 anos, aprendeu a ser marceneiro - mesma profissão do seu pai -, com seu irmão mais velho. Teve uma loja em sua cidade natal e logo depois optou por abrir uma fábrica de móveis em Cascadura, Rio de Janeiro.

Aos 24 anos, casou-se e teve duas filhas, Juliana e Isabela. Por anos sustentou sua família com o trabalho duro do seu ofício. Ajudou dois dos seus irmãos a se formarem na faculdade; e orgulhou-se muito, muito mesmo, de todos eles. E assim era com todos; familiares, vizinhos e amigos sempre tiveram nele alguém com quem se pode contar, a qualquer hora e em qualquer lugar.

Deparou-se várias vezes com escolhas difíceis, momentos de crise, mas sempre voltava seu olhar para o que era prioridade e, para ele, a principal tarefa era a garantia de uma boa educação para suas filhas. Foi um pai presente, exigente, vigilante e sempre prestativo. Não era festeiro, nem de muita conversa jogada fora, e sempre estava a postos para qualquer coisa que fosse preciso. Desde esperar dormindo no carro suas filhas saindo de festas, até ficar abraçado com elas para baixar a febre. Orgulhou-se muito de suas filhas; das pessoas que se tornaram. Tinha prazer em apresentá-las para todos que conhecia.

Nos últimos dez anos de sua vida, quando suas filhas já estavam formadas e a marcenaria já não se mostrava como a melhor opção de trabalho, permitiu-se arriscar e abriu um negócio. Enfrentou novos desafios, por muito tempo trabalhou sozinho, carregando peso de segunda a segunda.

Teve dois lindos netos, Gabriel e Alice, dedicava a eles o mesmo amor que sempre teve por suas filhas. Queria deixar para eles um legado e sabemos que deixou o maior legado que se pode deixar: seu exemplo de amor, dedicação e entrega.

Adolfo nasceu em São José do Vale do Rio Preto (RJ) e faleceu em Petrópolis (RJ), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Adolfo, Isabela Rampini Esteves. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Isabela Rampini Esteves, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 8 de novembro de 2021.