1958 - 2021
Não havia um único fim de semana em que sua nora amada não fosse recebida com seu chocolate favorito; ele fazia questão.
Ele era jovial, engraçado, intuitivo, paternal e trabalhador. Dizia que para ele a vida só valia a pena se tivesse filhos e então teve três. Duas partiram assim que nasceram e o menino, que sobreviveu, foi muito amado.
Era um pai muito acolhedor, que preparava a comida, fazia promessas quando o filho ficava doente, abraçava-o quando chorava e estava sempre disponível para ele. Iam juntos passear em São Paulo, onde ele lhe contava muitas histórias e mostrava as curiosidades da cidade.
Um bom esposo, companheiro e responsável. Recebeu a nora como filha. Toda semana ia ao mercado comprar o seu chocolate preferido. Gostava de conversar com ela e contar sobre sua história de vida. Eram muito parecidos nas ideias, principalmente políticas — ele se preocupava muito com a situação do país em que vivia.
Era muito ativo e tinha medo de se aposentar, pois amava trabalhar. Quando adoeceu, logo após um exame de rotina exigido pelo trabalho, permaneceu preocupado com as contas e com o filho, que estava prestes a defender sua dissertação de Mestrado.
“Mas foi em paz, aceitando seu destino e brincando: 'Será que eu peguei a passagem de volta dessa aventura?' Ele não voltou. Partiu, deixando esposa, filho e nora com suas lembranças, sabedoria e alguns jogos da Mega Sena para conferir. A saudade já é imensa”, revela a nora Ericka.
Afonso nasceu em Suzano (SP) e faleceu em São Bernardo do Campo (SP), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela nora de Afonso, Ericka Louise Talarico Vasques. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 30 de maio de 2022.