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Alaide de Deus Pereira

1952 - 2020

Alegre e comunicativa, pensava alto enquanto assistia às novelas das quais tanto gostava.

Ser mãe e pai ao mesmo tempo é uma responsabilidade que tem seus desafios, mas também suas alegrias. No entanto, o rumo da vida, tão imprevisível, não deixou Alaide desamparada. Com força, coragem e muito amor no coração, batalhou para dar o melhor a quem mais amou.

Foram noites e noites sem dormir, pelas tantas preocupações que fazem morada na cabeça de quem carrega os problemas da vida sozinha. Quando a tristeza e o desânimo chegavam, a mulher que era mãe e pai ao mesmo tempo olhava nos olhos do bem mais precioso que possuía: a filha, e então sentia as forças renovadas para continuar. Ela era a "sua escolha", escolha da qual nunca se arrependeu e lhe deu seu outro tesouro: a neta Gabriella, que fazia seus olhinhos brilharem de orgulho e admiração.

"Não há nada que faça uma mulher assim desistir. O coração de minha mãe era do tamanho do mundo e sua determinação, uma chama eterna", diz a unigênita Bruna.

O pilar da família de três mulheres partiu deixando apenas incríveis recordações e os louros de suas difíceis conquistas. O cheiro das comidas que fazia com tanto prazer ainda é presente na casa, ora melancólica, sem cor e fria, mas a certeza de que Alaide de Deus está ao lado dEle dá a força e o alento necessários para que "suas meninas" sigam firmes no exemplo de quem foi mãe, pai e avó, e que será eternamente lembrada com saudade.

Alaide nasceu em Itamaraju (BA) e faleceu em São Paulo (SP), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Alaide, Bruna Maria Pereira. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 19 de maio de 2021.