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Alberto Luiz Soares Pereira

1968 - 2021

Através dos textões, sinalizados pelo status “Beto digitando”, ele era a fonte de informações no grupo da família.

Foram cinquenta e dois anos de uma existência cheia de energia, propósitos, presenças e amorosidade.

Foi com base nesses princípios que Alberto, o Beto, como era carinhosamente chamado, tornou-se “um querido na nossa família”, conta a tia Daniela. Ele ajudava a todos que precisassem e fazia de seu amor pela vida um caminho de amar e acolher quem precisasse.

Casado com Carla, Beto também foi um companheiro amoroso, respeitoso e presente. Os dois trabalhavam juntos como fotógrafos e a partir do olhar carinhoso e cuidadoso deles, “os melhores momentos da família” foram eternizados em seus cliques.

Do fruto do amor do casal, brotou Yuri. Uma criança muito desejada e amada desde o ventre de Carla. Contudo, por essas coisas que não se explica, o menino nasceu somente dois meses após o falecimento do pai que foi uma das vítimas da COVID-19 no Brasil.

Publicitário, e amante da comunicação social, Beto gostava de escrever sobre o que pensava. Daniela com um ar de saudade, recorda que o sobrinho era culto e bem informado e sempre tinha o que dizer. “Ele era nosso google ambulante. Qualquer assunto mais polêmico que surgia no grupo da família ou se alguém tivesse alguma dúvida”, era só postar no grupo. E com seu jeito peculiar de dizer as palavras, em muitas situações, devolvia seus textões. Era postar e sentar à espera do que Beto iria dizer. No status do aplicativo surgia a mensagem “Beto digitanto” e depois de algum tempo surgiam textos esclarecedores.

O jeito divertido de Beto foi uma de suas marcas. “Não tinha evento em nossa família sem o dedo do Beto” relembra Daniela. E os papéis desempenhados por ele na organização e realização das festas eram bastante diversos. Ele fazia de tudo um pouco sendo DJ, decorador, fotógrafo, churrasqueiro, dançarino, companhia para cerveja e para risada.

Entre as maiores ausências sentidas por Daniela está a companhia do sobrinho para falar da conjuntura brasileira e comentar fatos acontecidos no país. Sempre com o cuidado de escolher bem os locais e com quem tratava de determinados assuntos. Graças às possibilidades de comunicação remota via internet, as conversas permaneceram inclusive durante a pandemia de COVID-19.

Beto, que registrou com sua câmera a maneira como olhava a vida, segue vivo na memória dos que ele amou e no empenho da família em passar para o filho Yuri o quanto ele foi amado e desejado. Nos silêncios no grupo da família quando algum assunto está na roda.

Alberto nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela tia de Alberto, Daniela Urbinati Nani Cappellano. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ernesto Marques, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 15 de dezembro de 2023.