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Alcides Pinheiro de Araújo Neto

1957 - 2020

As histórias eram sua forma de cuidar.

Era uma vez, um médico que adorava contar histórias. Dr. Alcides cuidava dos seus pacientes ouvindo e contando histórias. Na cidade, muitos queriam ser cuidados por ele, já que seus principais remédios eram as histórias. E quem não gosta de contar e ouvir boas histórias?!

Conta a amiga Carla Maria que Dr. Alcides “era um médico exemplar! Ouvir suas histórias era algo que muita gente vislumbrava. Você melhorava só de conversar com ele”.

Ele adorava o que fazia, era apaixonado pela Medicina. Fazia cursos no Brasil e no exterior para se atualizar e oferecer o melhor cuidado aos seus pacientes.

Na família, era um pai dedicado. Com os amigos, era acolhedor. Na cidade, um cuidador. “Sempre cuidou de todos sem pensar em nenhuma recompensa”, afirma Carla Maria.

Dr. Alcides, além de médico, era um exemplo de pessoa. Alguns o definiam como uma “pessoa querida”, outros como um “ser humano ímpar”, havia ainda os que o consideravam um “homem sem igual”.

Certo dia, Dr. Alcides adoeceu. Um vírus veio buscá-lo e o entregou à morte. Mas ele não conseguiu levar suas histórias, porque essas estão registradas no coração e na lembrança das muitas vidas que cuidou.

E um contador e cuidador de histórias não poderia ficar sem a sua própria história registrada.

Alcides nasceu em Santa Cruz do Piauí (PI) e faleceu em Teresina (PI), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela amiga de Alcides, Carla Maria Monteiro Nogueira. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Denise Stefanoni, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 1 de janeiro de 2021.