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Aldeneir Antônio Pinheiro de Freitas

1948 - 2020

Flamenguista de coração, tinha sempre um sorriso no rosto e amava reunir a família para viagens e churrascos.

Educação que vem de berço era mesmo com Aldeneir, carinhosamente conhecido como Lalá, homem que ajudou a moldar o caráter de seus filhos, netos e sobrinhos. Tendo a honestidade como seu maior exemplo, dizia que "o certo sempre será certo mesmo que ninguém esteja fazendo!"

Juntos em união matrimonial por 46 anos, Lalá e sua amada Aldivina se dedicaram a construir um lar harmonioso, sendo o tipo de casal que inspiraria a família toda. Da união dos dois, nasceram três filhos, seis netos e uma bisneta. Para todos eles, e também para os sobrinhos, Lalá foi um verdadeiro pai.

Durante a vida, quis mais do que o título de genitor, dedicando-se dia após dia a fazer jus ao posto de patriarca dos Freitas, sendo presença constante na vida dos seus. Quando a filha Joycimirla se separou, seu pai "assumiu o controle emocional da situação" e se tornou uma segunda figura paterna para a neta, Pietra.

Sempre que o pai biológico de Pietra não podia participar de algum evento, o avô comparecia porque "fazia questão de estar presente em todas as solenidades". Apoiador dos estudos, ensinava as tarefas da escola e também as tarefas da vida, fosse pelo exemplo, fosse por meio dos conselhos que gostava de dar.

Conquistou tamanho prestígio e gratidão que, em seu aniversário, que caía no Dia dos Namorados, os casais da família abdicavam de seus passeios românticos para comemorar junto com ele. À sua maneira, encontrou formas de dar uma resposta à altura a esse carinho.

Além da esposa, Lalá morava com Joycimirla e Pietra. Sempre que alguém da casa completava mais um ano de vida, Lalá se encarregava da tradição por ele mesmo criada de ir acordar a aniversariante com "sua voz rouca, cantando parabéns", como lembra a neta.

Seus esforços de se fazer presente não se limitavam ao seio familiar. Apesar dos cabelos esbranquiçados como prova da passagem do tempo, Lalá era incansável. Começou a estudar Direito depois de adulto feito, mas foi interrompido por um câncer. Anos depois, tendo vencido a doença, mesmo sem finalizar a graduação, passou a ajudar os que necessitavam de esclarecimentos jurídicos porque, como muitos diziam, era um advogado nato.

Levava a vida ciente de seu dever como cidadão e também sabia equilibrar questões sérias com uma boa diversão. Flamenguista de coração e apaixonado pela vida, adorava fazer viagens em família e reunir todos em casa para seus churrascos de domingo. Era também um amante do carnaval e orgulhoso criador de uma coletânea de marchinhas que gravou em CD para um eterno clima de festa.

Aldeneir nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha e pela neta de Aldeneir, Joycimirla da Cunha Freitas e Pietra da Cunha Freitas Picanço. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 10 de setembro de 2020.