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Aldenora dos Santos de Jesus

1943 - 2020

Matriarca incansável, colecionadora de amigos e a alegria em pessoa.

"Dorinha", como era conhecida, foi uma mulher forte, guerreira, alegre e divertida. Mãe de 11 filhos e avó e bisavó de tantos netos - muitos desses criados por ela -, a também chamada de "Doca", "Doquinha", "Lintinha", "Biza" e de tantos outros carinhos era incansável; apesar das suas limitações, não parava quieta. Tendo sido uma das primeiras enfermeiras da cidade de Viseu (PA), ela passou anos de sua vida servindo. Com este ofício não só ajudou enfermos, mas também influenciou muitas pessoas. Três de suas filhas, inclusive, seguiram os seus passos na enfermagem.

Sempre religiosa e temente a Deus, Dona Aldenora orava por todos os filhos, netos e amigos, demonstrando imensa preocupação com o bem-estar de todos. Seu forte coração sepultou dois filhos, seu esposo, um genro e um neto. Era ela quem confortava a família inteira diante das perdas.

Amante do açaí com farinha, da tapioca sem açúcar e do peixe frito, a maranhense de coração paraense gostava das coisas à seu modo natural: as comidas, as paisagens e até os intensos risos que provocava em sua neta Bruna, que sem muito esforço, chorava de tanto rir. Na narrativa dos fatos, cautelosamente se encarregava de dar vida ao que era contado através de uma expressividade inigualável.

"O que me conforta são as lembranças dos momentos felizes e de suas histórias, que amava contar. Nossa...ela era demais! Sabendo que ela era grande torcedora do Paysandu, um dos maiores times de futebol do Pará, eu gostava de "implicar" com ela por torcer pro time adversário: Remo. Ela entrava na onda, super divertida. Amava fazer novas amizades, ir ao shopping, viajar, vir para Macapá... todo ano ela marcava de vir, passava uns meses conosco. Fazia Pilates, passeava, ia à igreja... Ela estava bem!", conta a neta Bruna. "Estive com ela pela última vez presencialmente em Fevereiro de 2019 e ela viria pra cá em junho desse ano, passar o aniversário de meu pai. Mas, não deu tempo... Dia 07 de maio de 2020 ela realizou uma outra viagem. Nós não a perdemos para o Covid-19, mas a ganhamos para Cristo! Ela está com ele agora."

Aldenora nasceu Maracacuera (MA) e faleceu Belém (PA), aos 77 anos, vítima do novo coronavírus.

História revisada por Irion Martins, a partir do testemunho enviado por neta Bruna Gabrielle dos Santos de Sousa, em 20 de julho de 2020.