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Aldir Blanc Mendes

1946 - 2020

A esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar.

"Peço desculpas aos que têm me procurado hoje. Não tenho condições de falar. Aldir foi mais do que um amigo pra mim. Ele se confunde com a minha própria vida. A cada show, cada canção, em cada cidade, era ele que falava em mim. Mesmo quando estivemos afastados, ele esteve comigo. E quando nos reaproximamos foi como se tivéssemos apenas nos despedido na madrugada anterior. Desde então, voltamos a nos falar ininterruptamente. Ele com aquele humor divino. Sempre apaixonado pelos netos. Ele médico, eu hipocondríaco. Fomos amigos novos e antigos. Mas sobretudo eternos. Não existe João sem Aldir. Felizmente nossas canções estão aí para nos sobreviver. E como sempre ele falará em mim, estará vivo em mim, a cada vez que eu cantá-las. Hoje é um dos dias mais difíceis da minha vida. Meu coração está com Mari, companheira de Aldir, com seus filhos e netos. Perco o maior amigo, mas ganho, nesse mar de tristeza, uma razão pra viver: quero cantar nossas canções até onde eu tiver forças. Uma pessoa só morre quando morre a testemunha. E eu estou aqui pra fazer o espírito do Aldir viver. Eu e todos os brasileiros e brasileiras tocados por seu gênio."

De seu amigo, João Bosco.

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Salgueirense boêmio, o letrista radiografou o Rio e o Brasil com poesia crua que conciliou lirismo e aguda consciência social. Por isso, o tempo jamais poderá esquecer Aldir Blanc Mendes, nome fundamental da música popular brasileira, da cultura, da arte. Essas coisas lindas que fazem a vida valer a pena.

História enviada pelo Pesquisador, Giovani Pozzo Junior.

Aldir nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

História revisada por Rayane Urani, a partir do testemunho enviado por amigo João Bosco, em 20 de julho de 2020.