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Alexandre Batista de Assis

1981 - 2020

Uma criança arteira e esperta; um homem calmo e sossegado. Na tela da vida, pintou suas emoções e sua humanidade.

Alexandre era um pai presente e um ser humano que tentou fazer a diferença na vida das outras pessoas. Gostava do universo infantil, de jogar videogame com os filhos e de churrasco com os amigos. Ele também doava brinquedos e chegou a reformar algumas bicicletas para dar para crianças que não tinham condições de comprar.

Trabalhava como segurança em um posto de saúde, mas conhecia de tudo um pouco. Sabia mexer com eletricidade e computação só de olhar na internet. Na época da escola, sempre terminava a lição primeiro que todo mundo. Foi uma criança ativa, cheia de energia e bastante curiosa. Fazia muita arte. Desmontava todos os carrinhos só para descobrir o porquê eles funcionavam.

E então, Alexandre cresceu, e tornou-se um homem calmo e sossegado. Sempre educado, recebia todos de braços abertos. Desde cedo, o garoto era só elogios. E isso nunca mudou. Quando ia visitar sua mãe, Xande levava no bolso um pouco de leveza e tranquilidade. Corria para o fogão, pois queria saborear o tempero da mãe, que ficava bastante feliz.

Para a esposa, um grande companheiro, um grande homem e um grande amor. Para o irmão mais novo, um mestre e parceiro de aventuras travessas sem igual. Para os filhos, um exemplo de melhor amigo e pai que poderiam ter tido. Xande teve quatro filhos: Bianca, Erick, Gabriel e Kauan. Quando mais nova, a menina o chamava de mãe. Eram muito apegados.

"Não sabia quem era mais criança, se eram os filhos ou ele, de tanto que se divertia", conta Solange Batista de Assis, irmã de Xande.

Ela recorda do dia feliz quando, junto ao outro irmão, viram o mar pela primeira vez: a sensação de liberdade, o vento batendo no rosto e uma imensidão azul. Xande, sempre atencioso e preocupado, não tirava os olhos dos irmãos mais novos, para protegê-los caso acontecesse algo; e então aconteceu: uma onda derrubou Solange, e ele logo correu para tirá-la da água.

São momentos como esse, que ficarão guardados no coração de todos que tiveram a oportunidade de passar por sua vida e conheceram sua verdadeira essência.

Alexandre nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 39 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Alexandre, Solange Batista de Assis. Este texto foi apurado e escrito por jornalista João Vitor Ferreira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de agosto de 2020.