1969 - 2020
De tão intenso, sonhador e cheio de alegria, tinha a capacidade de encher uma casa toda, mesmo estando sozinho.
Este texto foi escrito por Maria Regina Meneghelli Graziano e Elizete dos Anjos Ginez, tia e esposa de Alexandre:
Alexandre Graziano Ginez, mais conhecido como Alê, não precisava falar muito, pois se comunicava com os olhos verdes da cor do campo. A cor dos seus olhos eram o espelho da sua alma, retratavam o verde da natureza, lugar onde ele se realizava em meio às plantações e muita criação. Mas sua paixão e conhecimento eram os pássaros, conhecia-os com maestria. Era um PhD em pássaros. No lazer, era a pescaria. Este feito aprendeu a amar com o pai. Amava estar com os amigos em uma pescaria, voltava festeiro contando e relatando cada detalhe desta tão sonhada e planejada aventura.
Tinha uma ligação muito forte com Nelson, seu pai. Eram muito parecidos tanto na aparência como nos gostos. Quando o pai se foi, Alê continuou trilhando sua jornada e, assim, passando para o seu tão amado filho Davi.
Ele não fazia jus à idade que tinha. Seu espírito era como o de uma criança, perto dele não existia tristeza, tudo era motivo para grandes sorrisos e muitas alegrias.
Carismático, conversava com todos, até os cachorros da rua conheciam o Alê. Ouvia um idoso com muita atenção e muita disponibilidade, mudava seu foco por um papo ou por empatia.
Mas com o Alê não era só farra não! Homem trabalhador, era motorista de ônibus. Amava o que fazia. Era seu reduto. Sempre havia muita gente envolvida; uma hora um idoso, outra um jovem ou uma criança e, ali ia ele, tinha papo e atenção para todos. Era querido no trabalho, entre os amigos e também com os passageiros constantes que, muitas vezes, repetia que faziam parte de sua vida. Conhecia um a um com suas qualidades e limitações!
Em casa, não tinha tempo ruim. Enquanto a esposa não chegava, já ia adiantando as tarefas do lar, claro que só depois de um belo e bom banho, pois ele era exigente do quesito limpeza. Não se aproximava da cozinha sem antes estar limpo e preparado para cozinhar a refeição para sua tão amada família. E como ele amava os filhos Davi, Valentina e Letícia. Foi um pai presente, amoroso e muito orgulhoso. Filho de mãe dedicada e pai que ele admirava, era o segundo dos cinco irmãos.
Alê tinha a capacidade de encher uma casa toda, mesmo estando sozinho. Sempre foi intenso, sonhador e cheio de alegria.
Alexandre nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 50 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela tia e pela esposa de Alexandre, Maria Regina Meneghelli Graziano e Elizete dos Anjos Ginez. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Paludo, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 19 de outubro de 2020.