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Alexei Claudio Divino

1968 - 2020

Sem descuidar da família, reservava as quartas-feiras para a cervejinha gelada durante o papo com os amigos.

Filho de Francisco do Amor Divino, ele era muito grande em benevolência e tamanho; por este último predicado, era conhecido como Bonde ou Bandão. Uma amiguinha da escola de sua filha chamava-o de... Prédio.

Do amor à primeira vista por Solange veio o casamento que, segundo Alexei, se durasse mais de sete anos, seria pra vida toda. Pois essa linda união, que gerou Isadora, durou vinte anos. Mas a menina despediu-se do pai com apenas 14 anos.

Bandão era apaixonado por cerveja, política e pelo Mengão, não necessariamente nessa ordem. À época da faculdade, isso quase lhe custou a formatura! Não queria perder as festas na cantina da Comunicação e, por isso, quase foi jubilado na UFJF! E ali, ele era amado por todos, alunos e professores.

Além de jornalista e diretor de cinema, Bonde tinha feito curso de gastronomia e era "chef". Solange conta que o marido era a generosidade em pessoa: "Distribuía sorrisos e abraços apertados por onde passava. Chamava a todos de 'meu querido' e era a alegria garantida das festas aonde chegava".

Alexei tinha verdadeiro prazer em sentar-se num botequim para bater um papo, tomando uma cerveja estupidamente gelada. De preferência às quartas-feiras, sagradas quando tinha jogo de futebol. A esposa relata uma história inusitada e marcante: "Quando nossa filha nasceu, ele fez a enfermeira do berçário colar um adesivo do Flamengo no bercinho da menina, pra todo mundo saber, que no quarto 517, havia uma flamenguista!"

Outra mania, era ficar horas zapeando os canais de televisão. Mas a maior delas era, na verdade, a sua maior virtude: Alexei sentia as dores do mundo. Amava viver e tinha um forte senso de humanidade.

Solange despede-se falando sobre momentos especiais: "Quando ele estava no hospital, lutando pela vida, os amigos conseguiram entrar em contato com Zico, o maior jogador da história do Flamengo, para mandar um vídeo com uma mensagem especial para o Alexei. Uma pena que ele não tenha conseguido ver esse vídeo. Mas sou grata por sentir o carinho e a mobilização das pessoas em prol da melhora dele. Sua alegria e lembranças nos guiarão para sempre".

Alexei nasceu em Ipatinga (MG) e faleceu em Juiz de Fora (MG), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de Alexei, Solange Montilha. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Denise Pereira, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 16 de outubro de 2021.