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Allan Aciole Salustiano

1981 - 2021

Como pai, voltava a ser criança; não importava o quão cansado estivesse, continuamente brincava.

No ir e vir entre cidades alagoanas, deixava no caminho a marca de um coração bondoso e da alegria de viver. Allan, generoso como era, ajudava tanto os outros ao ponto de imaginarem que se tornaria um político. “Tinha uma empatia muito forte, detestava injustiça. Ajudava incessantemente, sem esperar nada em troca”, lembra com carinho a esposa Marcleyd.

Era o filho mais velho e tinha uma forte ligação de confiança com o pai, que o protegia de tudo. Cuidava muito de sua mãe e tinha uma enorme cumplicidade com o irmão, de quem as pessoas custavam acreditar no parentesco, por causa da diferença física.

Alegre, transformava o ambiente. Amava viver. Para a companheira, após 14 anos de casados, generosidade, alegria e vivacidade eram os atributos que mais se destacavam na personalidade dele. “Quero que seja lembrado pela bondade, por esse coração generoso e esse amor pela vida. Foi uma união muito feliz, as recordações são as melhores possíveis”.

A família coleciona as mais felizes experiências. Como pai de Tiago e Milene, voltava a ser criança, brincava e era habitualmente alto astral. “O que faz falta é essa alegria, as memórias das crianças são recorrentes. Dizem: “Se o papai estivesse aqui...”, conta a esposa.

A enorme generosidade de Allan transbordava para além das pessoas. Era apaixonado por seus aquários e, se pudesse, encheria a casa de animais. “Semanalmente, passava mais de 10 horas cuidando dos dois aquários, queria ter a Arca de Noé”.

Natural da capital, mas crescido no interior, ele perseguiu o sonho da oportunidade. Depois da Faculdade de Contabilidade, quis ficar em Maceió. Mesmo assim, o trabalho acabou se mantendo por anos em diversas cidades do interior do estado. “Estava cursando Engenharia Ambiental e tinha acabado de surgir uma oportunidade para vir, na sua área, para a capital”, rememora.

Cheio de esperança e frequentador assíduo em sua igreja, a esposa lembra ainda que Allan repetia frequentemente uma passagem: Nenhum ouvido ouviu, olho algum viu outro deus salvar assim aqueles que contam com ele." Isaías 64:4

Allan nasceu em Maceió (AL) e faleceu em Maceió (AL), aos 40 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Allan, Marcleyd Militão. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Lucas de Araújo Rocha Carvalho, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 24 de março de 2022.