1940 - 2020
Ela ligava todas manhãs e noites para abençoar cada um dos seus sete filhos.
Roseneide sabia que sua mãe era uma mulher de fé. Todos os dias, ela ia à igreja para orar e pedir proteção à sua família. Mãe de 11 filhos, 7 ainda vivos quando partiu, viúva e avó de 19 netos. Durante seus 80 anos, não existiu um só dia em que ela não se ajoelhou e orou pela sua família.
Ela tinha um ritual sagrado: todas as manhãs, ligava para seus sete filhos para abençoar e dar bom dia. Todas as noites, ligava para seus sete filhos para abençoar e dar boa noite. E se, por algum motivo, um dos filhos não pudesse atender ao telefone, ela não conseguia descansar. “Minha filha, eu não consigo ir dormir sem ter notícias tuas", dizia. "Eu preciso saber que você está em casa e protegida.”
Almira era a doação em pessoa. Doava amor, carinho, fé e levava sorrisos e uma palavra de conforto para pessoas doentes. Doava até o pouco que tinha. Ela ajudava todo mundo, mas dizia que não queria dar trabalho para ninguém, nem mesmo na sua despedida. Ela se foi e deixou em todos um sentimento de eterna gratidão.
"Mãe, nós estamos bem e seguros. Descanse em paz, Rainha."
Almira nasceu em Inhambupe (BA) e faleceu em São Paulo (SP), aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Almira, Roseneide dos Santos Batista. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Lígia Scalise, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 3 de junho de 2020.