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Aloisio Alves de Figueiredo

1944 - 2020

Orador nato, gostava de declarar seu amor em discursos nas reuniões familiares.

"Ele tinha cinco irmãos. Uma das irmãs, na infância, queria chamá-lo de bonitinho, porém pronunciou "bitinho". Assim meu pai ficou conhecido na família", explica Aline, a décima primeira filha de Aloisio, soteropolitano de espírito brincalhão.

Crescer numa casa animada preparou Aloisio para ter sua própria grande família. Foram três casamentos que lhe deram doze filhos: Roseval, Rose, Nira, Dalva, Alan, Alex, Adriano, Fabrício, Fábio, Alice, Aline e Aloisio. Sua prole era o seu maior orgulho e sua fonte renovável de alegrias. "Mesmo sendo muitos, meu pai nunca deixou que nos faltasse nada, além de muito amor e de muito carinho", ressalta Aline.

Extrovertido, Bitinho irradiava luz própria. "Fazia piadas até com situações sérias", relembra a filha. Também foi esposo atencioso e avô animado para brincar com os 26 netos e com a dúzia de bisnetos. "Meu pai era muito carismático. Quando ele se foi é que vimos a proporção do quanto era querido. Muitas pessoas, até desconhecidas para nós, sentiram a sua partida".

Industriário, trabalhou muitos anos no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, e se aposentou há mais de duas décadas, não porque não gostasse da sua rotina, muito pelo contrário, mas por problemas de saúde. Foi no trabalho que Bitinho conheceu sua terceira e última companheira, Lícia. "Meus pais conviveram por mais de 45 anos e se conheceram na empresa. Ele era uma espécie de pai para ela também. "Ele se preocupava bastante com ela, havia cumplicidade. Mamãe veio do interior do estado aos 16 anos. Aos 19, conheceu meu pai. Não se casaram oficialmente, porém nunca mais se desgrudaram".

Bitinho também era o maior conselheiro de suas crias. A honestidade era uma virtude que ele deixou como herança. Opinava sobre todas as escolhas dos filhos. "Ele sempre conversou com os doze. Graças a Deus, nós somos todos honestos e batalhadores".

Noutras ocasiões, o patriarca gostava de fazer o papel de orador. "Fazer discurso era com ele". Num dos vídeos gravados por Aline, o pai diz: 'acho que no último suspiro que eu der, eu vou me lembrar dessa família tão bonita'.

Quando não estava se desdobrando em cuidados com a família e com os amigos, Aloisio se sentava para ler jornal.

Aline garante que todos os momentos vividos com o pai foram especiais. "Meu pai não podia ver ninguém triste, era luz onde chegava. Com certeza, Deus o levou para perto Dele, onde não há sofrimento".

Aloisio nasceu em Salvador (BA) e faleceu em Salvador (BA), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Aloisio, Aline Marinho de Figueiredo. Este tributo foi apurado por Saory Miyakawa Morais , editado por Luciana Assunção, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Ana Macarini em 3 de novembro de 2021.