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Álvaro Ferreira dos Santos

1940 - 2020

O primeiro dia do ano sempre chegava com dupla comemoração: o começo de um novo ciclo no mundo e em sua vida.

Álvaro trabalhou na Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, onde era muito bem quisto. Foi trabalhador dedicado, apaixonado pela profissão e pela vida.

Quando ainda criança, sofreu um acidente na linha de trem. Desenvolveu o gosto pela leitura, o que o tornou um cidadão altamente politizado, capaz de intervir e comentar em qualquer tipo de assunto. Detinha capacidade crítica vasta, de se admirar.

Quando os amigos e familiares iam ao Rio, ele os acompanhava para todo canto. Ensinava a andar de metrô, ônibus, VLT e BRT. Com ele, ninguém estava perdido. Tinha uma memória fotográfica incrível, e esbanjava conhecimento a respeito da cidade. Amava apresentá-la aos visitantes.

Era muito ativo. Cuidava de tudo na família: contas, compras, comida. Na cozinha, foi um verdadeiro chef, cozinhava maravilhosamente bem. Como pai, foi um exemplo impecável para seus três filhos. Como avô, um entusiasmado com suas duas netinhas! Como tio, cunhado e amigo, aquele que nunca se esquecia das datas especiais.

Sua esposa, Maria Isabel Nogueira dos Santos, o chamava carinhosamente de Alvo. E ele sempre a chamava de Dona Maria. Tinha com ela grande cuidado e paixão. Era ele quem cuidava, cozinhava e zelava por ela, que passava por um tratamento contra um câncer.

Seu jeitão sério se desmantelava rápido - era só puxar uma conversa que ele logo mostrava o gosto por se relacionar e sua habilidade em fazer admiradores. Não cansou de demonstrar muito amor no cuidado e zelo com todos aqueles que lhe eram próximos. Foi íntegro, dedicado e zeloso em tudo que se prestou a fazer.

Era uma alegria na família. Tinha um grande hobbie: zoar o Vasco! Costumava brincar: "hoje é segunda!", referindo-se à presença do Vasco na segunda divisão. Ele era flamenguista. Adorava contar piadas, principalmente sobre futebol. Era muito espirituoso e inteligente!

Álvaro nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Álvaro, Hellen Christine Pereira Carvalho Mattos. Este tributo foi apurado por Letícia Virgínia da Silva, editado por Raphaela Medeiros, revisado por Elias Lascoski e moderado por Rayane Urani em 30 de novembro de 2021.