1962 - 2020
Peão que se deixou laçar pelo amor de Nadia, o vovô dançarino que vai deixar saudades.
Um marido amoroso, pai, sogro e avô dedicado! A história da construção da família começa lá em 1981 quando ele conheceu a Nadia! Apaixonados, os momentos românticos eram embalados pela canção “Muito Estranho”, sucesso de Dalto e Cláudio Rabello nos anos 80. O primeiro filho, Diego nasceu em 1984, e o casamento ocorreu em 25 maio 1985. Em 1986, tiveram uma filha que Deus levou em 1987. Em 1988, nasceu Nayara, a princesa dos pais, que foi anunciada a ele em sonho por um anjo ao Álvaro. Nadia se emociona com esse fato, considerando que, na época, nem ela sabia que estava grávida. O filho caçula, André, nasceu em 1990.
Álvaro era um homem feliz e realizado. Conseguiu formar os três filhos, o mais velho médico e professor, a filha em Administração e Comércio Exterior e o mais novo, advogado. Teve três netos que ele simplesmente adorava! E mesmo com todo esse sucesso, era um homem simples e sonhador. Conhecido na cidade paraense de Óbidos pelo seu empreendedorismo, foi reconhecido inclusive pela câmara de vereadores como um homem que fomentou o desenvolvimento da região.
Começou a vida profissional trabalhando com o pai na fazenda e foi logo tomando gosto pela atividade pecuária. Gostava de fazer de tudo um pouco: criava aves, suínos, caprinos, alevinos e bovinos. Era apaixonado por cavalos. Os anos foram se passando e seu amor pela vida no campo ficava cada vez maior, segundo a esposa, o que ele gostava demais era de estar na fazenda, acompanhava com entusiasmo a produção de ovos, frangos, leite, queijo e tudo mais que a terra ─ bem-cuidada por ele ─, retribuía com fartura. A esposa relembra como o trabalho do marido proporcionou uma vida confortável a todos eles e permitiu que os filhos pudessem ser bem-criados.
Mesmo sendo um empresário, fazia questão de manter os hábitos simples de peão de fazenda, sempre fazendo tudo com muita alegria e amor. Varito, como era chamado carinhosamente pelos familiares e amigos, era famoso por ser o dançarino da família. Sua alegria transbordava em momentos festivos, dançando os mais variados ritmos: arrocha, forró, axé. Ele adorava dançar, às vezes sozinho mesmo e tantas outras acompanhado, inclusive com os netos pequenos no colo.
Reunir a família e fazer churrasco era com ele mesmo. Em 2020, com muita alegria e amor comemorou os trinta e cinco anos de casamento e, depois de tanto tempo, o romantismo ainda estava presente. O casal mandou fazer um traje especial para comemorar a data, uma camisa que, quando abraçados, formava uma frase da canção "Andança": “Por onde for, quero ser seu par”. Os dois bonequinhos abraçados na camisa, o sorriso no rosto e o olhar apaixonado ficarão para sempre marcados na mente dos familiares. “Ele virou uma estrela para cuidar de mim no céu. E será para sempre o grande amor da minha vida” declara emocionada a esposa.
Por conta de sua partida precoce, foram tantas as homenagens recebidas de amigos que as redes sociais se inundaram de solidariedade e amor. O peão que nunca esqueceu suas origens e que, com muito trabalho, humildade, alegria e amor construiu laços indissolúveis de amizade, deixa muita saudade para todos que tiveram o privilégio de conviver com ele.
A nora Danielle dividiu a homenagem com a sogra Nadia, pois sabia que ninguém poderia contar melhor esta história.
Álvaro nasceu em Óbidos (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela nora e pela esposa de Álvaro, Danielle Baptista Lins Canto e Nadia Moreira Canto. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira e Hélida Matta , editado por Ana Clara Cavalcante, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 8 de fevereiro de 2021.