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Alzira Gonçalves Valviesse

1958 - 2020

"Hoje vou ouvir o pai das crianças cantar. Quem registrou foi outro", e colocava as músicas do Fábio Júnior.

Alzira era só simpatia. A irmã alegria, segundo suas próprias irmãs, e a filha preferida de acordo com a mãe de todas elas.

Dona de casa como poucas, dona da casa dela e até da casa dos outros, onde chegava não podia ver um copo sujo na pia e, prestativa que só ela, logo se colocava a limpar.

O capricho de Alzira não se bastava às casas, tinha o mesmo primor em cuidar dos outros. Cuidava da filha, do marido, de todos... como ninguém. Cuidava de si também.

Extremamente vaidosa, não deixava aparecer um fio branco no cabelo. A filha Dayana foi descobrir que ela usava dentadura, quando já era adulta, sabe-se lá há quanto tempo já não tinha na boca os dentes.

Alzira sempre dizia: "Hoje vou ouvir o pai das crianças cantar. Quem registrou foi outro", ela insistia, brincalhona, "mas o pai mesmo é ele". E então ouvia as músicas do Fábio Júnior.

"Te amarei para sempre", promete Dayana, filha da mãe mais incrível, já sentindo falta do telefone tocando cinco vezes por dia, com Alzira ligando por ligar, como faz quem ama e não precisa de motivos para conversar.

Alzira nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Alzira, Dayana Valviesse dos Santos . Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Ana Squilanti, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 16 de agosto de 2020.