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Amanda Moraes Santos

1989 - 2020

Por dom, suas artes mostravam capricho e criatividade.

Seu nome, de origem latina, deriva do verbo amar e quer dizer “o que deve ser amado, digno de amor”. Assim foi Amanda desde seu nascimento. Primogênita das famílias de mãe e pai, recebeu extrema atenção e carinho dos pais, avós, tios. Essa corrente de afeto fez de Amanda uma pessoa dócil e meiga, desde a infância.

“Ela era tudo na minha vida, companheira, amiga, nunca nos separamos”, fala a mãe Maria Aparecida, com o coração cheio de saudade. “Fazíamos tudo, tudo juntas. Ela sempre me deu muito apoio também.” Amanda era uma pessoa dedicada, tranquila e amável. Aprendeu, ainda pequena, as razões dos “nãos” de forma serena, sem gritos. Era uma menina de hábitos caseiros; desde a adolescência, quando seu gosto eram os estudos, a leitura e os desenhos, ela dedicou-se a aprender sozinha o que lhe interessava: as artes e o idioma inglês.

A criatividade aguçada, aliada às habilidades manuais inatas, levou Amanda mais longe depois do nascimento da filha Luna, quando optou por parar de trabalhar numa clínica de estética e abriu seu próprio ateliê em casa. Dedicava-se diariamente até altas horas a fazer as encomendas de itens para decoração de festas e papelaria personalizada, como convites de casamento, agendas, cadernetas de vacinação e tantas outras peças feitas com primor. Ela começara, inclusive, a vender suas peças até para o exterior, alimentando seus sonhos de, após a pandemia, retomar o curso universitário de Webdesign.

Amanda deixou para nós sua mais valiosa obra-prima, Luna, cujo nome também vem do latim e significa “lua”. Essa menina preciosa chegou para, literalmente, dar luz à vida da mãe e, agora, da avó. O desabafo de Maria Aparecida vem bem de dentro: “ela é o sentido de eu conseguir levantar todo dia, é minha pequena Amanda”. “Luna tem três anos, e é carinhosa e cuidadosa como a mãe, quando me vê chorando ela diz: ‘não fica triste, vovó, eu vou cuidar de você velhinha’”, derrete-se. A menina também preserva o amor da mãe em seus sonhos, quando conta que a viu e ela lhe sorria e abraçava: “ela virou estrelinha, mas ela me ama”.

Lua e estrela ocupam o mesmo infinito. A conexão entre as três gerações, a vida mostra, é puro amor, para sempre.

Amanda nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 30 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela mãe de Amanda, Maria Aparecida Moraes Santos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Fabiana Colturato Aidar, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 16 de junho de 2021.