Ana Célia dos Santos

1942 - 2021

Levantava-se pela manhã, colocava o véu e se punha a orar, pedindo pelos familiares, pelo Brasil e pela humanidade.

Por um erro de registro, Ana Célia tornou-se dois anos mais velha nos documentos e, durante a vida, pareceu ter que assumir responsabilidades maiores que as esperadas para a verdadeira idade.

A infância foi passada em Minas Gerais, com os pais e os oito irmãos, em brincadeiras que aconteciam nos intervalos da lida, durante a colheita de algodão.

Já em São Paulo, ainda muito nova, dividiu com a irmã que ficara viúva a missão de criar e de educar os três sobrinhos. Depois, casou-se e cuidou dos filhos, dos netos e bisnetos e do pai.

Ana Célia era exemplar em sua capacidade de trabalho e de superação de grandes desafios. Sustentava a família com serviços de limpeza, o que fazia todo o sentido para a mulher cuidadosa e caprichosa que era: gostava de ver as coisas sempre limpas e impecavelmente arrumadas.

Não teve oportunidade de avançar nos estudos, mas valorizava a educação e empenhava-se em garantir a formação dos filhos e dos netos. Não temia fazer empréstimos se o destino fosse a compra dos livros solicitados pela escola das crianças.

A criação rígida que recebeu dos pais foi transmitida aos seus descendentes. Era séria, firme e rigorosa ao cobrar obediência e o pedido de bênção de todo dia; era seu jeito amoroso de educá-los e abençoá-los.

Forte e resiliente, ela era também sensível. Conversava com as plantas enquanto delas cuidava e gostava de ouvir as músicas de Elvis Presley e de Roberto Carlos, além dos hinos evangélicos.

Cultivava sua fé com entrega e disciplina. Todos os dias, no período da tarde, sentava-se no banco do quintal para se iluminar com a luz do sol e das palavras de Deus contidas na Bíblia.