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Ana Maria das Neves Borba

1948 - 2020

Sabia tudo de futebol e amava estar no seu cantinho assistindo aos programas de esporte na TV.

Era o amor da vida dos filhos. Foi casada com o Sr. Astrogildo Borba e teve seis filhos: Tânia, Fabrício, Jonas, Fábio, Jarbas e Sandra. Lutar pelo bem dos filhos era uma de suas principais ocupações. Suas maiores companhias eram seus animais de estimação, Akon e Pequeno, os filhos e os netos. Beber uma cerveja na companhia dos filhos era um de seus programas favoritos.

Teimosa e de opinião forte, ela tinha sua maneira de pensar e não obedecia a ninguém: tinha que ser do jeito dela. Era um tanto rude, mas também sabia ser gentil, carinhosa e muito amorosa.

Era uma cozinheira incrível, cozinhava como ninguém! A comida que preparava era sem dúvida a característica marcante de Dona Ana. Chegar em sua casa era ter a certeza de um encontro marcado com o cafezinho, que estava sempre pronto.

Muito caprichosa, tinha a casa sempre muito arrumadinha, limpa e organizada. Sua paixão era sentar-se no sofá para assistir televisão, principalmente esporte. Gostava muito de futebol, era corintiana e não havia quem se atrevesse a falar de futebol com ela porque ela entendia muito. Gostava disso, de ficar tranquila, no canto dela, vendo futebol.

Dona Ana era também uma pessoa um tanto sistemática, tinha lá suas manias. Não gostava muito de visitas, só da presença dos filhos e ainda assim reservava um tempinho para ficar a sós. Ela trabalhou bastante na juventude. Depois que o esposo faleceu, ela começou a viver com aposentadoria, sossegou do trabalho e passou a morar sozinha. Ou quase, pois a sua casa era de frente com a de um dos filhos e nunca "parava vazia"; por isso, ela quase nunca estava sozinha. Às vezes até reclamava: “Eu queria tanto ficar sozinha um pouco, não ter que fazer comida”.

Gostava de fumar, fumou a vida inteira. Nos últimos anos, por recomendação médica e questões de saúde, devia parar de fumar. Mas os filhos sabiam que quando ela falava: “Tá na hora de cada um ir para sua casa”, ela queria ficar sozinha para fumar o cigarrinho dela.

Em uma de suas idas ao Paraná, para visitar uma das filhas, fez pela primeira vez uma viagem de avião. A filha, que tinha medo de voar, temia pelo bem-estar da mãe, mas quando se encontraram, ainda no aeroporto, ela contou que dormiu o voo todo e achou maravilhosa a experiência.

Dona Maria e a filha conversavam todos os dias por telefone. Para ela, a mãe foi uma grande amiga, uma grande ouvinte.

Ana nasceu em Guanambi (BA) e faleceu em Valinhos (SP), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Ana, Tania de Borba kassem. Este tributo foi apurado por Rosimeire Seixas, editado por Raphaela Costa, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 16 de outubro de 2021.