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Ana Maria Marcondes Ribeiro Alves

1958 - 2021

Uma fortaleza para a família, fazia do amor a sua linguagem para oferecer acolhimento e escuta.

Ana Maria se expressava por meio do amor. Da infância sofrida, que incluiu a perda muito precoce da mãe, ela não gostava muito de falar. Na juventude, morava próximo do emprego daquele que seria o companheiro da vida e pai dos filhos Daniel, Douglas e Filipe. Ana Maria gostava muito de cozinhar para a família, e colocava nos alimentos o carinho que tinha por cada um – fosse o marido Ferreira, os filhos, as noras, o neto Guilherme e a neta Rafaela, a irmã e seus sobrinhos. “Ana sabia o prato preferido de cada integrante da família. A lembrança de sua comida atravessará décadas e o tempo não apagará o gosto do seu famoso bolo de leite em pó”, destaca Amanda, casada com Filipe.

Amanda recorda que a sogra era um pouco tímida. Isso, no entanto, nunca impediu que ela tivesse conselhos ou palavras para confortá-los em momentos difíceis. Pessoa altruísta, tinha prazer em presentear a quem amava, e sempre dizia a todos que não se preocupassem com ela. Se tinha um prazer que a movia eram as aventuras com a neta. “Era apaixonada por embarcar nas aventuras com a Rafaela”, recorda a nora.

Amanda conta que Ana Maria chegou a exercer atividade laboral profissional por algum tempo. No entanto, na maior parte da sua vida a sua dedicação foi à família. Também acompanhava as atividades na farmácia familiar, onde exerceu funções e foi braço de apoio, inclusive afetivo. Amanda conta que o marido Filipe, quando estava preocupado ou nervoso com o trabalho, saía, comprava um pote de sorvete e na companhia da mãe faziam uma pausa. “Ficavam conversando, tomando o sorvete, e o problema que era grande ia diminuindo, e a solução aparecendo”, relembra.

“Minha sogra foi uma mulher sábia. Foi uma guerreira, que passou por muita dificuldade na infância e seguiu forte”, ilustra Amanda.

A nora que faz uma homenagem surpresa à sogra com este Tributo, lembra que uma das grandes características de Ana Maria era ter sabedoria para lidar com cada pessoa – e com os três filhos, especificamente, que são muito diferentes. Cristã, fez um curso de Teologia a distância pouco antes do seu falecimento. “E sua rotina por um tempo de manhã era meditar a palavra de Deus antes de iniciar as tarefas do lar”, conta Amanda.

Ana Maria deixou saudades e a certeza de que sua vida foi um presente para todos que conviveram com ela. “Foi uma fortaleza na qual todos nos espelhamos”, resume a nora.

Ana nasceu em Santo Antônio do Jardim (SP) e faleceu em Santo André (SP), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela nora de Ana, Amanda Carvalho Santos Alves. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Patrícia Coelho, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Larissa Reis em 10 de novembro de 2022.