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André Luiz de Souza

1973 - 2020

Divertido e simpático, estava sempre disposto a ajudar. Era fã da black music e adorava carros, especialmente os antigos.

A felicidade morava no bom humor e na gentileza de André.

Fã de música boa, gostava muito de samba raiz e se alegrava com músicas antigas, mas tietava mesmo era a black music da década de 80. Passava horas ouvindo, cantando e dançando as canções que embalaram muitos momentos marcantes de sua vida, e ouvia sempre que podia alguma trilha sonora das famosas baladas dos anos 80.

Mecânico, trabalhava com carros numa concessionária e amava o que fazia. Sempre teve orgulho do ganha pão, era responsável e competente. Apaixonado por carros, principalmente os velhos, tinha em casa um monza e um passat, que zelava com muito apreço, carinho e cuidado. Gostava muito de passar horas e horas reformando os veículos, tinha com eles o mesmo cuidado que um pai tem com os filhos, e quase o mesmo amor. Quase.

Era a filha quem ele amava, amava mesmo. A pequena era o xodó de André, que transformava qualquer programa na companhia da filha em diversão. Aos domingos, na hora de fazerem a lição de casa, os dois trocavam as tarefas por brincadeiras e jogos e se divertiam o tempo todo com qualquer coisa que fosse possível se transformar em brinquedo. André amava a família. Reuniam-se sempre que possível, amavam-se sempre.

Simpático e tagarela, conquistava facilmente o coração das pessoas que cruzavam seu caminho. Acabava de conhecer, já ia logo chamando de "amor" ou "nego". Querido e espontâneo, conhecia de manhã, e a tarde já estava abraçando e convidando para um cafezinho. Cativante como só André sabia ser, recebia todo o carinho de volta. O adorável mecânico arrancava sorrisos até das pessoas mais fechadas e tímidas, porque não é todo dia que se encontra bom humor e simpatia dando sopa por aí.

Afetuoso e atencioso, não deixava nenhuma data importante passar em branco. Aniversários, dias especiais, comemorações significativas, ele sempre aparecia com um presente, uma lembrança que, por menor que fosse em tamanho, era gigantesca em importância e em afeto. Era imensamente grande em amor.
No último dia das mulheres, sua pequena fez uma surpresa para a mãe e a avó. Preparou um café da manhã especial. O pai não estava presente fisicamente, mas veio dele o exemplo de que sempre é importante lembrar, porque lembrar significa também uma forma de amar.

É clichê dizer que era querido por todos, que foi grande pai, grande filho, grande esposo, grande amigo. Que teve uma fé inabalável e que era solidário ao próximo. É clichê, mas, às vezes, apenas o clichê define. André era assim. Era isso e muito mais. Apenas quem foi premiado com a sorte de conhecê-lo e dividir um pouco da vida com ele sabe disso. O mecânico de riso frouxo e coração imenso deixa saudade em todos que conviveram com ele e partilharam momentos únicos com a pessoa incrível que foi. André sempre viverá nas pequenas e grandes lembranças, no amor e no afeto que deixou de exemplo para aqueles que o amavam. De lá, ele segue cuidando e protegendo sua pequena, e de vez em quando, dando uma olhadinha nos carros da garagem.

André nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 47 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo cunhado/amigo de André, Cristiano Ferreira Albano. Este tributo foi apurado por Hélida Matta, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz , revisado por Renata Nascimento Montanari e moderado por Rayane Urani em 13 de março de 2021.