1944 - 2020
Transformava retalhos de tecidos em lindas peças, que distribuía aos necessitados.
Dona Anésia, ou ´Vó Nésia”, como era chamada pelos netos, foi uma mãe e avó muito dedicada à sua família. Dona de uma luz radiante e de um sorriso que exalava amor, sua presença trazia sempre uma energia boa, como conta o neto Mateus. Gostava de estar perto dos seus e estava sempre disposta a ouvir e conversar. Sua serenidade e tranquilidade eram capazes de acalmar quem estivesse tenso ou chateado.
De seu primeiro casamento, Anésia teve quatro filhos, Sônia, Silvia, Solange, Silmara e Sérgio, que lhe deram quatro netos, Lucas, Mateus, João Paulo e Marina. Mateus conta que, quando ele nasceu, Vó Nésia cuidou dele e de seu irmão Lucas, enquanto a filha Sílvia trabalhava em sua confecção de roupas femininas. Para distrair os meninos, colocava fitas com animações e filmes infantis. Divertia-se junto com as crianças acompanhando as histórias. Um dos favoritos do grupo era o filme “Mogli – O Menino Lobo”. Assistiram tantas vezes que Dona Anésia decorou a música do filme, versos esses que sempre fazem Mateus lembrar com saudade da avó:
"Eu uso o necessário
Somente o necessário
O extraordinário é demais..."
Reunir a família era uma de suas grandes paixões. Gostava da casa cheia nos almoços de domingo, quando não podia faltar seu cardápio tradicional: arroz, frango assado e salada de maionese. De sobremesa, sempre tinha bolo com sorvete, sua preferida.
Na fábrica da filha Silvia, Anésia encontrou um passatempo e uma forma de exercer uma de suas vocações: ajudar ao próximo. Com as sobras de tecido, aprendeu a fazer lindos tapetes e cobertas que presenteava ou doava a quem precisasse. As quatro filhas, que também dominam a arte da costura, mantiveram o trabalho iniciado pela mãe.
Era apaixonada por cães, e tinha uma relação especial com as mascotes da família. Amava as cadelinhas da filha Sílvia, assim como as que teve na chácara em que morou com seu segundo companheiro, até que o diagnóstico de Parkinson demandasse cuidados especiais.
Gostava de passar o Natal junto à família. No passado, quando seu irmão vinha visitar, organizava a festa em sua casa. Quando ele não vinha, se juntava ao restante da família nas comemorações. Seu último Natal, em 2019, foi junto dos seus. Mateus, que não pode comparecer por estar viajando, fez questão de se fazer presente com uma emocionada ligação para a avó neste dia.
"Como digo a todos, agora tenho uma nova estrela me guiando lá no céu, minha querida e amada vó", conclui Mateus.
Anésia nasceu em Planalto (SP) e faleceu em São José do Rio Preto (SP), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelo neto de Anésia, Mateus Velani Murcia. Este tributo foi apurado por Ricardo Henrique Ferreira, editado por Marília Ohlson, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 21 de junho de 2022.