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Antonia Afonso Ariano

1943 - 2021

Por onde Tunica passou, ficava a saudade de seus bolos, doces, coxinhas e cafezinhos.

Dona Antonia, também conhecida por Tunica, era dessas pessoas que nasceu em meio a carências, mas decidiu ser feliz, e foi. Amava animais e flores. Sempre elegante, aos 78 anos, não dispensava o cuidado de si, aparente nos brinquinhos que comprava e no batom que não esquecia de passar para colorir os lábios. Era de uma simplicidade deliciosa, que ficou visível, por exemplo, quando traduziu seu amor a Cuiabá pelo fato de que ali era muito fácil secar a roupa em virtude do sol constante.

Foi mãe e dona de casa com gosto. Seus cuidados com a família se expressavam em bolos, doces e as inesquecíveis coxinhas, que aprendeu a fazer com a sogra e que renderam um bom dinheiro em tempos difíceis. É preciso também dar destaque ao café preparado por ela, que caía perfeitamente bem sendo degustado, enquanto se admirava um jardim.

Não só Dona Antonia cuidava, o cuidado da filha também se fazia presente e o contato entre as duas fazia parte dos seus dias, como lembra Heloísa "Onde estiver, está sentindo falta dos meus telefonemas diários."

“Teve, entre outras, a graça de ser feliz no amor e cuidou do nosso pai com uma devoção admirável”, relata sua filha. Suas tiradas bem humoradas, inesperadas e inteligentes, produziam riso imediato e fizeram, um dia, o neto dizer que era um desperdício de bom humor ela continuar vivendo sozinha. Mas era assim que preferia.

Entre risos, gostos e cuidado, Tunica demonstrava sua felicidade.

Antonia nasceu em Sertanópolis (PR) e faleceu em Foz do Iguaçu (PR), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Antonia, Heloisa Afonso Ariano. Este tributo foi apurado por Samara Lopes, editado por Hortência Maia, revisado por Ana Macarini e moderado por Rayane Urani em 31 de agosto de 2021.