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Antonia Bezerra Gomes

1949 - 2020

Sempre dizia para a neta Jova que um dia compraria uma máquina pra fazerem roupas juntas.

Dona Antonia foi para São Paulo em 1974 levando os filhos Dimas e Wellinton. Em São Paulo, o filho Hélio nasceu.

Dimas, seu filho, contou que Antonia sempre foi uma mãe incrível, que batalhou para conseguir ter sua casa e suas coisinhas do jeito que gostava e que criou os filhos com esmero e respeito, de uma maneira tal que eles nunca saíram de perto dela.

A neta Giovanna, a Jova, como dona Antonia chamava, conta, que a grande paixão da avó eram os cinco netos: “Ela fazia tudo pela gente. Adorava dar presentes, dar comida. E ainda dava refrigerante e bala escondido para os menores, quando os pais não deixavam. Coisa de vó, né? E mandava lindos áudios no WhatsApp que terminavam sempre com um eu te amo".

Dona Antonia trabalhou como costureira em uma fábrica de confecções e sonhava comprar uma máquina de costura para voltar a costurar. Sempre dizia para a neta Jova que um dia compraria uma máquina pra fazerem roupas juntas. Como era sempre muito bem disposta, estava sempre pronta para um bom passeio no centro da cidade: "principalmente no Brás, por onde ficava andando durante horas", conta a neta.

Depois, dona Antonia trabalhou um tempo como cozinheira em uma pizzaria. Em casa, tinha mania de fazer um exagero de comida e encher a geladeira para nunca faltar nada. Ela fazia uma torta de frango, um bolo de abacaxi e uma torta holandesa maravilhosos!
Ela amava ficar com a família, amava festas. Dizia que a felicidade dela era ter todo mundo reunido em casa. E até quem não era da família era bem-vindo. E quem viesse comer sempre levava a marmita pra casa quando fosse embora. E se fosse convidada pra alguma festa, sempre queria fazer todas as comidas da festa e depois ficar pra arrumar tudo: “tínhamos que brigar com ela para ela ficar sentada”, conta o filho Dimas.

Dona Antonia sempre vai ser lembrada como um verdadeiro ser humano, que passou por dificuldades, mas nunca se queixou da vida, ajudou quem encontrou por seus caminhos criou seus filhos, acolheu suas noras e seus netos com todo o amor do mundo.

"Foi uma guerreira com humildade e era nossa alegre pequenininha: adorava passar batom, arrumar o cabelo e vestir suas blusas de rendas. E andava sempre muito elegante com seu cabelo curtinho e sempre muito bem penteado. Sempre estará em nossos pensamentos e em nossas lembranças", conta a neta Giovanna.

"Não se preocupe, que eu vou ficar bem, filho", conta seu filho Dimas, quando a viu pela última vez.

Antonia nasceu Água Nova (RN) e faleceu São Paulo (SP), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Jornalista desta história Sandra Maia Farias Vasconcelos, em entrevista feita com neta Giovanna Pascale Kühl Gomes e Dimas Bezerra Gomes, em 23 de maio de 2020.