1941 - 2020
Guerreira e flamenguista de coração, viveu com a garra e as emoções de todo bom jogo de futebol.
Esta é uma carta aberta que a filha Monica escreveu no aniversário de 2020 de Antonia:
Ah, mãe, quer dizer, a minha mãe; como eu dizia para todo mundo e até no celular, era assim, ou a Tota, para os amigos e familiares. Hoje, o dia do teu aniversário, e quase cinco meses após tua partida, resolvi prestar essa homenagem aqui no site. Eu mesma, como jornalista, quis escrever o texto. A dor ainda é indescritível, ainda mais porque foi tudo uma surpresa.
Que saudades do teu sorriso, das brigas, do teu jeito ranzinza, da alegria e do grito de "Uauuauuau" durante as comemorações dos gols e vitórias do Flamengo, e daquela raiva que sentias quando perdia; mas olha, eu e minha irmã, Patricia, continuamos te honrando. A cada gol, falamos o teu grito, olhamos pra cima e dizemos: "É para a senhora, mãe!" E fico muito feliz que pôde ver o Flamengo campeão brasileiro e da Libertadores no ano passado. Vimos praticamente todos os jogos juntas. Não consigo mais assistir aos jogos no bar do Gomes, como geralmente fazíamos. Passo ali de manhã, olho, e é como se eu estivesse te vendo sentada, tomando um cafezinho. Sempre caem algumas lágrimas. O choro ainda é diário e vai ser por muito tempo.
Sei que tua vida foi de muito sofrimento, mas como eu sempre dizia, não existia pessoa mais guerreira. Mãe de Monica, Patricia e Felipe, que em 2009, no curto período de um mês, perdeu o filho mais novo e o marido, Romero. E, mesmo calada, chorando baixinho, sofria muito pela morte do caçula. A filha do meio, Patricia, foi carinhosamente cuidada ao ficar com algumas sequelas após sofrer um AVC poucos anos depois da morte do Felipe. E quem cuidou dela desde então? A senhora, claro! Pegava ônibus para ir para o trabalho, a Tinturaria Mariposa, que pertenceu ao teu pai. Já não ia mais todo dia, mas queria. Sozinha levava a Patricia para a fisioterapia, quando era no meu horário de trabalho, e não adiantava dizer que não podias ir.
Mesmo com todos os problemas de saúde e sem ter mais condições nenhuma, estavas lá, mas agora, tenho certeza absoluta de que descansas. Como eu tenho dito desde o dia que a senhora faleceu, pode deixar que assumo a grande responsabilidade daqui. Está difícil? Nossa, nem te conto, mas vou seguir daqui. Ela está e vai permanecer bem. Ah, sempre fui como a senhora, né? Nunca gostei de fazer comida! Mas não é que estou fazendo agora? (Risos)
Hoje, a meia-noite foi vazia, não pude dar os parabéns como fazia todo ano, mas tenho certeza de que estás bem em outro plano. Deus está nos dando forças para seguir. Agradeço a Ele por ter tido a oportunidade de algumas vezes dizer que te amava. Te amo e amarei para sempre.
Minha mãe,Tota Guerreira, eu te amo e fica com Deus!
Antonia nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 78 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Antonia, Monica Hing da Fonseca. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Rosimeire Seixas, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 31 de dezembro de 2020.