1955 - 2021
Nadava como um peixe e não desperdiçava oportunidades de estar na água, fosse em piscinas, açudes, rios ou praias.
Cearense de Mombaça, Antonia deixou a cidade aos 13 anos para morar em São Paulo com sua irmã mais velha. Ela se recordava com frequência da infância em meio à natureza, principalmente de quando nadava perto de casa. Vida afora, manifestava um gosto todo especial pelas águas, o que a fazia extrapolar o horário de retorno ao lar, deixando, muitas vezes, o marido furioso com sua demora.
Dessa época de infância ela ainda relembrava que, embora tivesse uma boa casa na cidade, seu pai criava alguns animais com os quais ela sempre interagia. Carregava inclusive, como lembrança, uma pequena cicatriz na cabeça decorrente de uma queda de cavalo.
Antonia foi casada por quarenta e três anos com Ricardo, um rapaz que conheceu na capital paulista. Naquela época, apesar de trabalhar na mesma rua em que ele morava, conheceram-se em um baile e, em meio a conversas despretensiosas, descobriram a feliz coincidência da proximidade geográfica em que viviam. A partir daí, engataram o namoro, que em pouco tempo tornou-se matrimônio e teve como fruto os filhos Vanessa e Alexander.
Como mãe ela sempre soube se fazer presente, demonstrando sua preocupação com os filhos e seu desejo de lhes agradar. Antonia era também extremamente devotada a Ricardo e essa dedicação aumentou consideravelmente depois do infarto que ele enfrentou: até mesmo internada devido à Covid-19 ela demonstrava uma preocupação constante com seu amado.
Foi avó de Gustavo e Karine, filhos de Vanessa, a quem ajudou a cuidar e criar. Era muito companheira da neta e as duas gostavam de fazer as mesmas atividades, como ir ao shopping e à praia. Estavam sempre juntas nos passeios, nas compras ou quando iam nadar.
“Minha mãe era alegre e estava sempre animada. Para ela, nunca faltava energia, fosse para trabalhar ou para fazer compras. Gostava de realizar passeios e sempre que havia um tempo livre e conseguia reunir a família, escolhia ir à praia. Adorava também tirar fotos e postar", conta Vanessa.
"Dona de um coração enorme, estava sempre disposta a auxiliar a família, os amigos e os vizinhos”, continua Vanessa. “Era extremamente batalhadora, lutando arduamente por todos os seus objetivos. Por muitos anos, trabalhou como supervisora de vendas na mesma empresa, recebendo, inclusive, inúmeros prêmios e incentivos pelo seu alto desempenho”.
Acalentava em seu coração o sonho de se aposentar, mas sua aposentadoria só foi concedida um ano após sua partida.
Em suas horas vagas, gostava de ir ao shopping ou em algum lugar onde pudesse nadar, como o clube próximo de sua casa, num fascínio pela água que trazia desde a infância, conforme ela contava, dizendo que o fazia em rios, açudes, represas e no mar.
Vanessa conta também que Antonia tinha plena satisfação em comer e cozinhar, tanto que a maionese e a salada de macarrão preparadas por ela eram deliciosas e inigualáveis.
Vanessa fala da proximidade que vivia com a mãe e dos ensinamentos que dela recebeu: “Nos últimos tempos, estávamos muito mais próximas e sempre conversávamos. A maior parte das lembranças que guardo são das nossas viagens. Minha mãe gostava tanto de viajar que aceitava qualquer convite inesperado ou de última hora para realizar um passeio”.
“Com ela aprendemos que é preciso aproveitar a vida intensamente, já que não sabemos a hora da nossa partida. A minha mãe não perdia uma única oportunidade de aproveitar o que a fazia feliz.”
“Essa perda foi algo muito doloroso para a nossa família, principalmente porque minha mãe era cuidadosa ao extremo. Meu pai sente profundamente a falta dela, que foi a sua companheira de todas as horas e o grande amor da sua vida.”
Antonia nasceu em Mombaça (CE) e faleceu em Campinas (SP), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Antonia, Vanessa del Duque Mendes de Souza. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 7 de agosto de 2023.