1961 - 2020
Sonhava em curar a mãe. Como era impossível, mudou o sonho: fazer o melhor por ela todos o dias.
O comerciante Antônio não teve filhos. Mas a sobrinha Thaires o considerava pai, ele a chamava de Estrela. Os dois se falavam todos os dias. Antes da pandemia, a Estrela do Antônio visitava ele e a companheira, Joélia, com frequência. O casal dividia a jornada de trabalho e vida em harmonia, trabalhavam na empresa de panificação de Antônio.
Dos oito irmãos, ele era fortemente ligado a dois, em especial. O pai de Thaires, Davi, e à irmã Lourdes.
Os grandes ídolos do sergipano eram os pais: José Barbosa de Mendonça, o Zezé, e Maria Barbosa de Mendonça, mais conhecida como Menininha. Os progenitores eram sinônimo de luta. O casal trabalhou muito e se faziam espelho para Antônio, um homem conhecido por ser trabalhador, apesar da saúde frágil. O pai partiu faz um tempo, mas a vida dele pulsava nas histórias que Antônio contava.
Ele quase não saía de casa nos momentos livres. Mas havia um lugar em que sempre ia... Era a casa de dona Menininha no interior do Estado. Fazia tudo pela mãe. Quando ela foi hospitalizada o filho zeloso ficou muito abalado. Com Alzheimer, ela não saía mais da cama.
Esse nordestino tinha o sonho de ver a mãe curada. Reconhecia que não tinha mais como reverter. Daí, o sonho foi transformado. Passou a fazer o melhor por ela todos os dias. E ele fez.
Antônio era uma das fortalezas da família. Lá de cima, agora, ele cuida de dona Menininha, com o pai, ídolo que reencontrou e olha para sua Estrela na Terra.
Antônio nasceu em Itabaiana (SE) e faleceu em Aracaju (SE), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela sobrinha de Antônio, Thaires Santos Mendonca. Este tributo foi apurado por -, editado por , revisado por Lícia Zanol e moderado por Rayane Urani em 28 de janeiro de 2021.