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Antonio Carlos Teixeira Bravo

1969 - 2020

A bravura não era mero acaso, mas a marca do mecânico que, com orgulho e após os 40, terminou os estudos.

O sobrenome de Antonio revela a sua bravura. Abriu mão de um emprego de operador de máquinas, no qual estava há dezesseis anos, para comprar a casa da família. Usou o acerto para o lar e outras despesas por um tempo, levou cinco anos para ter um emprego fixo novamente. Mas, com garra, ele proveu tudo que os seus precisavam com trabalhos temporários nesse período.

Concluiu o Ensino Médio com mais de 40 anos. Depois, qualificou-se como técnico, o que lhe ajudou a trabalhar com o que gostava. O diploma do Senai era motivo de orgulho.

Realizou-se profissionalmente na Indústria Neotec/Levorin, onde trabalhou com sua paixão, a mecânica. Os colegas de trabalho transformaram-se em amigos, Bravo, como eles o chamavam, era muito querido.

De acordo com Kelly, esposa de Bravo, ele foi um marido amoroso e atencioso. Eles tiveram três filhos: Carlos Felipe, Amanda Cristina e Bianca. Era protetor ao extremo, igualmente atencioso e supercompanheiro. Com os netos, seu coração ficou ainda maior.

Era adorado entre os sobrinhos, que chamavam-no de tio Tonho.

Por aqueles que amava, Bravo passava por cima de suas certezas. Intenso, franco e justo, às vezes engolia sua razão para que a paz continuasse a reinar, mesmo se estivesse certo.

Seus momentos de lazer eram regados a uma cerveja Antarctica gelada e carne ao ponto. Quando Antonio aumentava a voz era certo: estava agitando a galera para um encontro. Mais do que um camarada para festejar, os amigos sabiam que podiam contar com ele em todas as horas. Estava sempre disposto a ajudar quem precisava.

Bravo era fã de Roberto Carlos e de pagode, principalmente de Zeca Pagodinho, ouvia no último volume. Também torcia para o Vasco com muita paixão.

Hoje seu legado é exemplo para os filhos, e sua ausência é saudade e boas lembranças.

Antonio nasceu em Manaus (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 50 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela esposa de Antonio, Kelly Cristina Ribeiro dos Santos. Este texto foi apurado e escrito por Talita Camargos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 25 de dezembro de 2020.