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Antônio Gonçalves Barros

1946 - 2020

Português, conhecido como Maria, era o melhor e o mais bem-humorado comerciante do ramo de alimentação.

Antônio Barros veio ao Brasil quando era muito jovem, junto ao pai, enquanto sua mãe, permaneceu em Portugal.

Ele teve dois casamentos e quatro filhos: Ana Carina, Ana Maura, Marco Antônio e Fernando. Com o tempo, a família cresceu e vieram os amados netos: Filipe, Ana Carolina, Carlos, Ana Julia, Gustavo, João Antônio, Bernardo e Pedro.

Antônio costumava visitar sua terra natal, sempre que possível; mantendo presente suas origens, até mesmo no seu modo de falar, com o “puxado” sotaque português de Portugal.

Era um homem devotado ao trabalho e à família. A propósito, sua filha Ana Maura revela que “era muito fácil conseguir qualquer coisa dele, pois sempre foi de um coração maravilhoso”.

Um homem ativo, pai zeloso, amoroso, prestativo e, por vezes, arteiro, pois “aprontava”!

Nas horas vagas, adorava escutar músicas espanholas e portuguesas. Quando ligava a TV dizendo que estava vendo o filme, na verdade, já estava era roncando.

Comerciante dedicado, trabalhou a vida toda, incansavelmente, até quando pôde.

Peixe com batatas era uma de suas especialidades culinárias, que fazia repetidas vezes. Também era mestre em montar o lanche chamado “Monalisa”, conta Ana Maura.

Ana Carina, sua outra filha, lembra saudosa da época da infância, quando iam à Aclimação, bairro localizado na região central de São Paulo. Recorda que o pai gostava de brincar e “nos jogava para o alto, momento em que nossa mãe ficava apreensiva, estendendo o braço, com medo que caíssemos”. Outro importante momento da infância eram as visitas ao clube poliesportivo Portuguesa, onde o pai jogava bola no campinho de areia e divertia as crianças no balanço, enquanto também preparava churrasco para todos.

A filha recorda-se ainda, com especial carinho, de quando o pai chegava em casa, do trabalho, com seu carro Opala “com buzina de caminhão”. Ele tocava a buzina e as duas filhas saíam correndo para encontrar o pai e dar uma volta de carro no quarteirão, momento em que abriam as janelas e colocavam o rosto para fora, apreciando o passeio e o vento, mas, principalmente, a companhia e a presença do pai.

Ana Maura completa que, apesar das dificuldades, foram muito felizes.

“Ele se foi, mas permanece vivo dentro de mim. Um dia nos reencontraremos e darei aquele abraço que nos faltou. Te amo eternamente”, diz Ana Maura.

“Amo você demais, meu paizinho e sempre amarei, daqui até a eternidade”, complementa Ana Carina.

Antônio nasceu em Portugal e faleceu em São Paulo (SP), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Antônio, Ana Maura Gonçalves Barros Rocha. Este tributo foi apurado por Michelly Lelis, editado por Manuela Bravo, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 12 de julho de 2020.