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Antônio Gonçalves

1963 - 2021

Colocava todo seu afeto nos churrascos que preparava e, assim, ensinou que cozinhar é um ato de amor.

Antônio e Nair conheciam-se desde a infância porque moravam próximos, na mesma comunidade rural de São José das Palmeiras, uma cidade paranaense. Casaram-se em abril de 1983 e permaneceram juntos por aproximadamente trinta e oito anos numa relação marcada pela mais profunda cumplicidade, alegria e respeito entre os dois.

Eles estavam sempre juntos na vida e na educação dos filhos Jean e Nayara, e na convivência com os netos Gabrielly, Ana Júlia, Mariah e Jean Antônio, filhos do Jean. Porém, não chegaram a conhecer Anthony, filho da Nayara, que nasceu após o falecimento dos avós.

Em família, gostava de festejar datas comemorativas e de ter momentos de oração em família. Ele demonstrava o afeto que sentia pelas pessoas ao seu redor por meio da culinária e colocando carinho no churrasco que preparava aos domingos. O maior ensinamento que deixou talvez tenha sido o de que cozinhar representa um ato de amor.

Durante os encontros familiares ele apreciava uma boa conversa e sempre gostava de falar das memórias vividas com seu pai e com os seus tios nordestinos. O carinho e o apreço com que ele se referia aos mais velhos foi algo que marcou profundamente os mais novos.

Antônio trabalhou por anos a fio como motorista de veículos de turismo e, durante a pandemia, com a diminuição e impossibilidade de turismo na região, ficou sem receber o seu salário. Nos momentos livres, tirava o seu tempo para descansar e aproveitar com a família, sempre sonhando com o dia em que poderia adquirir um sítio para nele viver.

Ele era gentil, querido, humilde, generoso e humanamente consciente das injustiças e desigualdades sociais. Era extremamente receptivo e acolhedor com qualquer pessoa, fosse uma visita em sua casa ou algum conhecido.

Amava estar rodeado de crianças, fossem elas seus netos, sobrinhos ou qualquer outra que estivesse brincando por perto. A sobrinha Gisele, saudosa, fala das coisas boas que viveu com o tio: “Eu tenho esse carinho quando falo dele, um carinho misturado à saudade. Meu tio era um trabalhador dentro e fora de casa, era alguém que sabia cuidar, fosse de idosos ou crianças. Meu tio era alguém que amava e foi amado. Na minha infância, tio Antônio sempre me colocava no colo e me ouvia com atenção”.

“Toda vez que alguém da família faz algo engraçado e isso é compartilhado, rapidamente nos lembramos dele, pois tio Antônio era muito criativo nas piadas sobre fatos inusitados e cômicos. Toda vez que fazemos churrasco, me recordo dele, pois era o responsável pela churrasqueira nos encontros em família aos domingos. A canção que me faz rememorá-lo é 'Have You Ever Seen The Rain?', da banda americana Creedence Clearwater Revival”.

A esposa de Antônio também foi uma das vítimas da Covid-19. Para conhecer um pouco da sua história acesse a homenagem a Nair Aparecida Gonçalves neste Memorial.

Antônio nasceu em Bom Sucesso (PR) e faleceu em Foz do Iguaçu (PR), aos 57 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Antônio, Gisele de Souza Gonçalves . Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 10 de novembro de 2022.