1957 - 2020
O mais brincalhão da família; era também quem sonhava um diploma na mão de cada um que vivia na favela.
Rico, como era conhecido, fazia o possível para manter a família unida e ajudava a todos a encarar as dificuldades da vida com seu bom humor. Enxergando além, lutava ativamente por um país melhor.
A prima Regina é uma das principais testemunhas de tudo que Rico viveu, sonhou e construiu. Criados juntos, os dois passaram fome e conquistaram muitas coisas também. É em nome desse companheirismo que os transformou em "compadre" e "comadre" que Regina quis eternizar Rico por meio desta homenagem.
Regina lembra que, desde criança, Rico ia atrás do que era preciso para que um pudesse ajudar a cuidar do outro. Uma das coisas que ele mais queria era dar um jeito de "colocar essa negrada da família na faculdade" para que não se deixassem enganar pelos políticos.
Rico também tinha o sonho de que a principal arma das pessoas da favela fosse um diploma nas mãos e pode celebrar essa realização ao menos uma vez quando Thaissa, filha de Regina, se formou em Psicologia, fazendo a alegria do padrinho orgulhoso.
Em seu íntimo, Rico carregava ideais muito sérios, mas sabia levar a vida com leveza. Era o mais brincalhão nas reuniões da família, sendo muito querido por todos, inclusive pela sobrinha-neta Isabel que, em sua inocência infantil, manifestou sua saudade dizendo que gostaria de ir para onde o tio Rico está.
Evangélico, Rico não bebia. Antes das reuniões, todos oravam juntos e, em seguida, ele arrancava gargalhadas dos demais dizendo "agora pode começar a vacilação". Junto com a prima Regina, Rico gostava de observar os que, pouco a pouco, iam ficando "altos" e "pagando mico" por causa da bebida ― a tal "vacilação" a que ele se referia.
Na memória de Regina estão guardados muitos momentos preciosos. Com carinho, ela se lembra que Rico se anunciava como o "seu professor de balé" todas as vezes que ligava para a prima, apenas por diversão. Em sua última conversa ele prometeu preparar uma paella para ela quando saísse do hospital.
Desde que se foi, Rico passou a fazer morada definitiva no coração dos seus. Além de Regina, Thaissa, e Isabel, Rico é muito amado por sua esposa Claudia, pelos filhos Giselly, Henrique e Hugo ― aos quais foi um pai muito amoroso ― e a tantos outros que o conheceram.
Antonio nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 62 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela prima de Antonio, Regina Custodio. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 6 de março de 2021.