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Antônio João Soares Ibiapina

1950 - 2020

Em sua simplicidade, foi feliz e grato por tudo que conquistou.

Homem de pouco estudo, Antônio João mudou-se sozinho para São Paulo aos 16 anos tentando uma vida melhor. Sofreu muito, lutou e venceu. Iniciou a vida profissional como peixeiro. Acordava às três da manhã para buscar o pescado na Ceagesp e depois sair pelas ruas com sua kômbi para vendê-los.

Casou-se e formou uma família com três filhos e quatro netos, a quem ensinou a noção de valor e respeito. Era um apaixonado por motos, cavalos, pescaria e praias, e um cafezinho e uma bolachinha faziam a sua alegria. Amava a todos e era muito amado.

Vaidoso, cheiroso, terno e gravata eram suas roupas favoritas. Um piauiense bravo, mas também carismático, alegre, prestativo e cheio de amor para dar.

Para a filha Letícia ele era um ser especial, cuja risada ecoava onde estivesse: “Ele era meu orgulho! Aos 60 anos ele perdeu um olho e, com bravura, reaprendeu a viver com um só. Foi diagnosticado com Alzheimer, mas resistia dizendo 'não tenho isso não' E não tinha mesmo".

“Agradeço a Deus pela oportunidade de ter tido ele como meu pai. Ele se preocupava absurdamente com a esposa, que ele chamava de 'mamãe'”, diz Letícia, ressaltando que eles estavam unidos até quando tiveram a Covid-19: só se separaram quando ela teve alta e ele foi sepultado — o que ocorreu no mesmo dia.

Antônio nasceu em Alto Longá (PI) e faleceu em São Paulo (SP), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Antônio, Letícia Almeida Ibiapina Dias. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso e Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 5 de outubro de 2023.