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Antônio Luis da Silva

1967 - 2020

O sambista dono do sorriso mais carinhoso.

Ele era um ferreiro que sempre esperava ansioso a chegada de fevereiro. Era quando suas maiores obras seriam admiradas pelo Rio de Janeiro e pelo Brasil inteiro: os carros alegóricos da Beija-Flor, que ele ajudava o ano todo a construir para colocá-los na Sapucaí. Antônio e a família não perdiam um Carnaval: nem os desfiles e nem mesmo as apurações.

Antônio nasceu em São Paulo, mas foi no Rio de Janeiro que encontrou os maiores amores de sua vida: a mulher Lucimar, a Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis e o Flamengo.

"Com a Lucimar foi uma história de um verdadeiro amor. Ela com quatro filhos pequenos, ele chega e toma essa grande família como sua, dando o mais puro amor. Tornou-se um pai exemplar, o melhor do mundo para eles, e um verdadeiro companheiro de uma vida toda", lembra a nora Heloísa.
Antônio tinha um amor incondicional pelos filhos Cosme, Gilmar, Gilmara e Rosemere. "E ai de quem falasse que não eram os filhos dele", conta a nora.

Antônio, que depois virou avô de mais oito netos, era um sambista nato. Conhecido como o Xuxa da Beija-Flor, ele adorava escutar um bom samba tomando a sua cerveja gelada. Era vaidoso, tinha sempre suas roupas de linho bem vincadas e seus sapatos bicolores. Cativante, daquelas pessoas com quem você conversa e nem sente a hora passar.

"Ele tinha o sorriso mais carinhoso. Sem ele, o Carnaval nunca mais será o mesmo", diz Heloísa.

Antônio nasceu São Paulo (SP) e faleceu Rio de Janeiro (RJ), aos 53 anos, vítima do novo coronavírus.

Jornalista desta história Felipe Held, em entrevista feita com Nora Heloísa Alves, em 23 de maio de 2020.