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Aparecida da Silva

1955 - 2020

Vaidosa, sonhadora e dona de um lindo sorriso. Adorava um binguinho; onde tinha bingo, ia com as amigas.

Com 50 anos de casada, era conhecida como “Cida do Valdecir”, a verdadeira Fofa, que chamava todos de "Fofo" e de "Fofa"

Sonhou morar em apartamento, comprou e estava planejando os móveis, mas não houve tempo de realizar...

Gostava muito de limpar a casa, era detalhista. A casa era mantida impecável, mas cozinhar não era seu forte. Às vezes, aos domingos, os filhos pediam para fazer um almoço caprichado, mas ela respondia: “Vocês é que deveriam fazer comida pra mim!” Apesar desse pouco prazer em cozinhar, fazia uma macarronada deliciosa. Gostava mesmo de bolo de abacaxi e, se era aniversário e o bolo fosse de chocolate, logo sentenciava: “isso não é bolo!"

A filha ensinava a mexer no celular e ela aprendia com facilidade. Adorava um celular e as compras pela internet a deixavam encantada. Juntas, iam ao centro da cidade fazer compras todos os sábados pela manhã; ela gostava de entrar em todas as lojas. Era noveleira também, mas música já não curtia tanto, ainda mais com som alto.

Deixou uma máquina de costurar com a qual ajudava vizinhos e filhos a consertarem suas roupas, pois tinha feito um curso de costureira aos 12 anos. “Ajudou a criar os netos, principalmente o meu filho mais velho”, lembra a filha Rosângela com gratidão.

Não aparentava a idade, era amante de hidratantes para o corpo e dos cremes de rejuvenescimento. “Tinha corpo de mocinha, era muito linda. Casou muito nova, por isso muitos falavam que parecíamos irmãs”, conta Rosângela com visível saudade. Sua vaidade era uma virtude aos olhos orgulhosos da filha: “Era tão vaidosa, que dizia que ainda colocaria silicone. Suas unhas estavam sempre esmaltadas...”, e conclui: “Estávamos sempre juntas, era minha mãe e irmã”.

Aparecida nasceu em Sertãozinho (SP) e faleceu em Sertãozinho (SP), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Aparecida, Rosângela Pedro da Silva Ranzoni. Este tributo foi apurado por Hélida Matta, editado por Hélida Matta, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 7 de dezembro de 2020.