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Aparecido Batista Ferreira

1945 - 2020

Além de esposo amoroso, pai presente e avô coruja, era um colecionador de histórias de pescador.

Estava sempre com um palitinho de dente no canto da boca. Era sua marca registrada.

Foi casado por cinquenta e quatro anos com Darci. Os dois eram como dois irmãos: viviam se estranhando, mas um não existia sem o outro. O cuidado, o carinho e o amor foram os pilares da história que construíram juntos. Da união, nasceram as filhas Kátia e Fernanda, as queridinhas do papai. Quando crianças, quando dava o horário de Aparecido chegar do trabalho, as duas esperavam pelo pai no portão de casa. Todos os dias, ele trazia consigo uma surpresa para as meninas, que ficavam radiantes com o presente e com a presença.

Teve também um casal de netos, Sophia e Lorenzo, que tiveram o avô mais coruja que se possa imaginar. Quando se encontravam, estavam sempre rindo e brincando, se divertindo como só avós e netos sabem fazer. Levava e buscava as crianças na escola, cuidava e protegia da melhor forma possível. Juntos, os três eram um grude só.

Adorava uma boa festa. Gostava de sair, de se divertir e, sempre que possível, se reunia com os amigos. Esses, sabiam que podiam contar com Aparecido a qualquer hora, toda vez que surgisse alguma necessidade.

Amava pescar. Colecionava quatro maletas carregadas de acessórios e histórias de pescaria. Tinha um grupo de pesca de mais de vinte anos com quem dividia a paixão e as aventuras das pescarias. No feriado de carnaval, o mais longo, os amigos se reuniam para compartilhar os momentos e a diversão que encontravam na pesca. Em dias comuns, a ausência de feriados ou folgas não eram um problema. Bastava que achasse alguém disposto a dividir uma aventura, e lá ia Aparecido fazer novamente o que amava.

Foi um homem incrível, esposo amoroso, pai presente e um avô coruja. Foi amigo para todas as horas e um pescador divertido. A família e os amigos sentirão saudades, mas a vida de Aparecido foi boa, cheia de amor e de aventura como ele merecia que fosse. Agora, Aparecido foi contar suas histórias de pescador em outro lugar.

Aparecido nasceu em Ibirá (SP) e faleceu em Barueri (SP), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Aparecido, Fernanda Aparecida Ferreira. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 3 de fevereiro de 2021.