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Ariadne Teixeira Cunha

1986 - 2021

Mestre na arte de acolher, embalava e encantava com sua voz em prece.

“Enquanto tantos não entendem
Vou cantando minha história, profetizando
Que eu posso, tudo posso em Jesus”
(Tudo Posso, de Celina Borges e Padre Fábio de Melo)

Era assim que Ariadne alegrava os ambientes e profetizava sua fé.

Vinculada à paróquia São José de Maracanaú, no Ceará, Ariadne participava da Renovação Carismática, foi catequista, coordenou o grupo de oração Coração Sagrado e cantava na igreja desde a adolescência. Segundo a irmã Dolores Raissa e a amiga Leidiane, ela tinha a voz mais linda e estava sempre com um sorriso estampado no rosto.

Na família, brincavam que Ariadne era “o recheio, a que dava liga”, por ela ser a irmã do meio. “Era a filha que chegava tarde, mas sempre mandava a localização; a filha que nunca saía de casa sem a bênção e um cheiro na cabeça dos pais”, conta Dolores Raissa.

E, para ciúme da irmã, Ariadne era aquela amiga que todos consideravam como irmã. A história de Ariadne e Leidiane, por exemplo, começou na infância, com o encontro das duas famílias. No início da adolescência, quando estudaram na mesma escola e participaram do mesmo grupo de oração, a amizade se estreitou. Era uma relação tão intensa entre as duas que Ariadne batizou o filho de Leidiane.

E essa relação afetiva e carinhosa se estendia para a família, os inúmeros amigos e catequizandos. “Ariadne era mestre na arte de acolher a todos com ternura”, afirma a amiga, que lembra que as pessoas sempre a procuravam para conversar. “Os adolescentes sabiam que podiam desabafar e confiar nela”, complementa.

Dolores Raissa também lembra que Ariadne era aquela prima confidente, “das melhores e das piores coisas”.

Professora por excelência, Ariadne começou como acompanhante terapêutica de crianças com síndrome de Down, depois atuou na educação religiosa e, por fim, foi professora da educação infantil.

Encantava o mundo com sua voz e também com suas mãos. Amava pintar e produzir cartões. “Habilidosa no artesanato, ela fazia uma papelaria minimalista personalizada”, explicam Leidiane e Dolores Raissa.

A irmã e a amiga afirmam que ainda é difícil lidar com a partida tão precoce de Ariadne. “A irmã que dividia cachorro comigo e me ensinava sobre a fé, a irmã que era puro amor deixou um vazio na casa”, relata Dolores Raissa. Por outro lado, Leidiane acredita que “o céu esteja em festa com sua chegada! A nossa esperança é que ela repousa em Deus!” Além desse conforto, familiares, amigos e membros da comunidade religiosa guardam a lembrança do sorriso e do exemplo de fé de Ariadne que ecoarão eternamente como versos de canções.

Ariadne nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Maracanaú (CE), aos 34 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã e pela amiga de infância de Ariadne, Dolores Raissa Teixeira Cunha e Leidiane da Silva Nogueira. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Denise Stefanoni, revisado por Elias Lascoski e moderado por Rayane Urani em 30 de setembro de 2021.