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Aristides dos Santos Filho

1948 - 2020

O macacão cheio de graxa não escondia sua grandeza de coração.

Maninho. Assim era chamado o querido irmão de uma família de 13 irmãos. Cinco já se foram mas o carinho por esse irmão que se juntou aos outros no céu, é enorme.

“Maninho gostava de viver, sempre estava sorrindo”, conta sua irmã Sonia, que era chamada carinhosamente por ele de “bunitona” e também de “fia”. O tom carinhoso que usava com as pessoas queridas era sua marca.

Casado com Raquel, já aposentado, deixou de realizar seus dois sonhos: ter uma casa e uma oficina próprias. Tinha um coração enorme e “talvez por ser bom e por muitas vezes deixar de cobrar pelos serviços, não tenha conseguido o que queria”, reflete a irmã. Mas o apreço, a admiração e o respeito chegavam ao Mano, “sempre amado por todos”, conta Sonia.

Sua paixão pela profissão de mecânico não lhe deixava feio no macacão cheio de graxa, muito pelo contrário, lhe vestia muito bem a generosidade e a eficiência com que cuidava de seu ofício e das pessoas que lhe pediam ajuda.

Maninho gostava tanto de comer como de cozinhar e, com o guardanapo no ombro, manejava a cozinha como quem sabe o que quer e como fazer. Puro prazer. Era o último a jantar na frente da TV, depois de ver que todos estavam satisfeitos com o que oferecia. Arroz branco era sua especialidade e o café, um componente fundamental para lhe fazer o dia mais cheio de sabor.

A palavra “não”, estava fora de cogitação quando se tratava de ajudar alguém. Maninho estava “sempre à disposição para ajudar quem quer que fosse”, conta a irmã.

Maninho “apesar da idade, era uma verdadeira criança”. O boné que adorava usar, as novelas que curtia e a alegria de viver foram marcas que deixou. “Ai que saudades que sinto da voz dele dizendo 'bunitona', e das mensagens pelo aplicativo dizendo ‘cadê você bunitona?’", relembra Sonia.

A falta que Maninho faz é imensa, mas suas lembranças permanecerão para sempre no coração dos que o amaram.

Aristides nasceu em Jabuticabal (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã de Aristides, Sonia Regina dos Santos. Este tributo foi apurado por Míriam Ramalho, editado por Míriam Ramalho, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 13 de abril de 2021.