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Arnaldo da Costa Ratti Junior

1969 - 2021

A doçura de seu caráter até combinava com sua predileção pelos doces; jamais faltou leite condensado em sua casa.

Arnaldo era filho de Arnaldo e Ruth, que faleceram deixando, além dele, os filhos Paulo, César – já falecido — e Alessandra, todos pequenos. No entanto, esse fato não impediu que formassem uma família muito amorosa e unida.

“Quando criança, recordo que, volta e meia, brigávamos por pequenezas, mas tudo sempre acabava bem. O amor que tínhamos uns pelos outros não deixava que quaisquer conflitos se fizessem presentes por muito tempo. O Arnaldo sempre assumiu um papel de liderança entre nós: era quem nos aconselhava e nos mostrava o melhor caminho; era em quem podíamos confiar e com quem podíamos contar em quaisquer adversidades”, conta a irmã Alessandra.

Arnaldo tinha uma companheira chamada Silmara, com quem não teve filhos e costumava viajar nas horas vagas, de preferência para cidades do litoral.

Ele era um pai dedicado, amoroso e muito preocupado com os filhos Marlon, Larissa e Lucas. Possuía também um carinho todo especial pela afilhada Lara, a quem amava como se fosse filha e vivia dizendo a todos que era a sua princesa. Fazia todos os gostos da menina e foi ele a primeira pessoa que a levou para passear de metrô.

Foi avô de Arthur, que ainda era um bebê quando Arnaldo se foi. "Meu irmão ainda conseguiu aproveitar o primeiro ano de vida do neto", conta Bianca. "Todas as vezes que se encontravam, Arnaldo fazia brincadeiras com bola com o pequeno, que se acabava em risadas de alegria”.

Arnaldo gostava de estar na companhia dos filhos. Dedicado, preocupava-se com o bem-estar de cada pessoa que amava: esposa, filhos e irmãos. Estava sempre a postos para ofertar o seu afeto, a sua atenção e o seu cuidado.

“Era uma das pessoas mais doces e amigas que tive a oportunidade de conhecer. Com toda certeza, era o porto seguro de toda a família: em quaisquer momentos ou circunstâncias, tínhamos o apoio dele. A segurança que o Arnaldo nos passava, fazia com que as dificuldades se tornassem mais fáceis e passíveis de solução”, relembra Alessandra.

Durante muitos anos Arnaldo atuou como gerente de vendas. Extremamente trabalhador e honesto, era incansável para agradar e cumprir com as expectativas de seus clientes, não medindo esforços para terem o melhor serviço.

Gostava de cozinhar e preparava uma cuca de banana que deixava todos com água na boca. Tinha um apreço especial por doces, tanto que não faltava leite condensado em sua casa.

Vaidoso, tinha o hábito de estar sempre muito arrumado e cheiroso. Era um torcedor apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube e seu sentimento tão pulsante pelo Tricolor Paulista, fez com todos os filhos também se tornassem são-paulinos.

Adorava música e a que mais faz a irmã dele se recordar é "Cedo ou Tarde", da banda paulistana NX Zero:

"Me sinto só
Mas sei que não estou
Pois levo você no pensamento
Meu medo se vai
Recupero a fé
E sinto que algum dia ainda vou te ver".

Alessandra finaliza sua homenagem ao irmão dizendo: “Durante toda a vida Arnaldo foi para mim um referencial de pai, amigo e anjo da guarda. Ele era o meu protetor! Por vezes, extrapolava nos ciúmes, já que sou sua única irmã. Não havia um dia sequer que não dizíamos um para outro o quanto nos amávamos. Eu me recordo com saudade de nossas viagens corriqueiras à praia”.

“Dotado de um coração imenso, que só multiplicava bons sentimentos, Arnaldo nos deixou o exemplo de buscarmos mais o bem do outro em nossas ações, de lutar por aquilo que acreditamos e de nunca faltarmos com a honestidade”.

“A perda dele foi indescritível e muito dolorosa para todos nós! Embora a saudade se faça presente todos os dias, sei que carrego muito dele comigo. As nossas boas recordações e o exemplo tão fortemente deixado por aqui, me fazem ter a certeza do nosso feliz reencontro”, acrescenta.

Arnaldo nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 52 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela irmã de Arnaldo, Alessandra Ratti Santos. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Ana Macarini em 5 de maio de 2023.