1937 - 2020
O espanhol que registrou o coração em cartório brasileiro.
Foi com dezesseis anos que Arturo deixou a Espanha e mudou-se para o Rio de Janeiro. Morando inicialmente com os tios, seu maior objetivo no novo endereço era ajudar a família financeiramente; missão que cumpriu com muita dedicação, sem deixar de fazer do seu trabalho o seu maior hobbie.
O dono de restaurante e esposo da Carmen despertava alegria por onde passasse, sendo querido por seus clientes e funcionários. "Ninguém faz um churrasco como eu!", dizia sempre Arturo, o espanhol que conseguiu o que muitos classificariam como impossível: tornar o Brasil mais brasileiro e despertar saudade até nos temperos. Para ele, improvável mesmo era abrir mão daqueles queijos e vinhos de todos os sábados, sempre banhados pela lua e pelas conversas agradáveis ao lado de boas companhias.
A cada conversa, a mais simples que fosse, o de coração carioca esbanjava sua brasilidade nata, estampada na simplicidade e prontidão em sempre dar conselhos e contar suas experiências de vida. E quantas experiências! Sempre encantadoras e guardadas no olhar sereno e doce de quem sempre ofereceu a resiliência como prato principal no cardápio da vida. Quem olhou em seus olhos está para sempre contaminado por este brilho natural, viral e sem fronteiras.
Arturo nasceu Galícia (Espanha) e faleceu Rio de Janeiro (RJ), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.
História revisada por Irion Martins, a partir do testemunho enviado por neta Ana Carolina Estevez, em 19 de maio de 2020.