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Aureolina da Silva Oliveira

1929 - 2020

O cafezinho quente era passado por ela todos os dias pontualmente às três da tarde; uma verdadeira tradição.

Essa é uma homenagem da bisneta, Lorena à sua amada bisa:

Dona Nega é assim que costumávamos chamá-la de forma carinhosa. Era conhecida e querida por todos em todos os lugares por onde passou, viveu uma vida cuidando de quem amava.

Era sempre possível, nos últimos anos que antecederam a sua partida, encontrá-la sentada em um sofazinho, balançando os pezinhos, fazendo crochê, esperando dar três da tarde pra passar o tradicional cafezinho.

Nunca se esqueceu de nenhum aniversário de qualquer um dos seus irmãos, filhos, netos ou bisnetos. São inúmeras as histórias que surgiram dessas raízes; Dona Aureolina era a árvore frondosa, forte e florida que representava com louvor as origens da nossa família.

Todo ano ela fazia uma ligação, era momento de boa prosa, de colocar assuntos e lembranças em dia. O papo só acabava bem depois do "tchau"; quem a conhecia bem, sabe, não dava pra desligar o telefone depois da despedida, o assunto transbordava.

Resistiu à perda do seu esposo Domingos há mais de trinta anos, superou um AVC, e nos seus últimos dias pediu pra que deixassem dessa conversa sobre morte. Ela era o exemplo da vontade de viver. Uma mulher admirável. Vai deixar saudades e uma multidão de pessoas carregando suas histórias.

Aureolina nasceu em Três Lagoas (MS) e faleceu em Campo Grande (MS), aos 91 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela bisneta de Aureolina, Lorena Gonçalves Oliveira. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Lorena Gonçalves Oliveira, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 26 de novembro de 2021.