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Benedito Alves de Campos Filho

1962 - 2020

Um artista em absolutamente tudo que se propunha a fazer.

Esta é uma carta de Jade para seu pai, Benedito:

Um artista: poeta, escritor, fotógrafo.

Benê, era um artista em tudo que fazia, especialmente sendo pai. Ele teve duas filhas: Jade e Rayssa. Todos ao seu redor percebiam o quanto ele amava e se dedicava as filhas. Ser pai era a coisa mais importante da vida dele, era sua prioridade.

Benê era apaixonado por poesia, literatura, cinema e música. E, além de apreciador dessas artes, ele também escrevia brilhantemente. Era conhecido por ser um artista na cozinha. As lasanhas, pães de queijo, bifes à parmegiana, macarronadas e vários outros pratos feitos por Benê eram verdadeiras obras de arte.

Muito querido por todos ao seu redor, Benê era de fato um cara apaixonante. Todos que o conheciam percebiam de cara que ele não era alguém comum de se encontrar por aí, era incrivelmente original em tudo o que fazia.

Durante boa parte de sua vida, sua atividade principal foi a fotografia, que também era sua paixão. Entre casamentos, aniversários, formaturas e batizados ele fez muitos amigos, pois dava o seu máximo em todos os seus trabalhos. Sua presença na vida desses clientes, mesmo que por um curto período de tempo, não passava despercebida. Logo percebiam que ele tinha algo de muito especial.

Em seus últimos anos, estava trabalhando no programa Centro Aberto; centros de convivência, lazer e cultura, localizados em vários pontos do centro da cidade de São Paulo. Lá, ele realizava a manutenção do local, participava da organização de eventos e também fotografava. Estava aproveitando aquele ambiente poético e inspirador, que é o centro de São Paulo, para escrever crônicas. Benê pretendia publicar um livro de crônicas, mas, infelizmente, não teve tempo de realizar esse sonho...

Nosso Benê era a doçura em pessoa, um homem de uma sensibilidade incrível, com coração de menino. Um sorriso lindo e cativante com suas covinhas no rosto.

Capaz de ajudar as pessoas sempre que podia, e até mesmo quando não podia. Tinha um coração tão puro, tão ingênuo, que às vezes acabava sendo mal-interpretado pelas pessoas. Mas quem o conheceu de verdade sabe que se tratava de uma espécie de ser humano em extinção, de tão bom que era.
Não existe no mundo e jamais existirá ninguém que se compare ao nosso Benê. Ele jamais será esquecido pelas pessoas que passaram pela vida dele.

Por isso, Benê continuará vivo nos seus poemas, crônicas, fotos, lembranças... nas suas filhas. Ele continuará vivo em nossos corações, pois artistas não morrem, eles são eternos.

Benedito nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 57 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Benedito, Jade Ohana Marinho de Campos. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Mateus Teixeira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 25 de setembro de 2020.